Título: Sarney vê Senado trasparente com Renan no comando
Autor: Brito, Ricardo ; Álvares, Débora
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2013, Nacional, p. A10

Ao se despedir da presidência da Casa, peemedebista faz balanço de 58 anos de atividade parlamentar e omite caso dos atos secretos

Depois de ocupar a Presidên­cia do Senado por quatro ve­zes, José Sarney (PMDB-AP) despediu-se do cargo com um longo e emocionado discurso no qual defendeu seu suces­sor, Renan Galheiros (PMDB-AL). Ele ignorou os escânda­los ocorridos no período em que esteve no posto, como o ca­so dos atos secretos, denuncia­do pelo Estado, em que deci­sões não eram publicadas no Diário Oficial da União.

Ao falar de Renan, Sarney afir­mou que a escolha do correligio­nário para o comando do Senado reitera o processo democrático. "Sua eleição a presidente da Casa mostra a confiança de seus pares, e nos dá a garantia de um manda­to em que o Senado Federal segui­rá seu caminho de transparência e equilíbrio democrático."

Sarney ignorou as denúncias de desvio de dinheiro e falsifica­ção de documentos contra Re­nan, referindo-se a ele como "uma das mais expressivas lide­ranças de nosso partido, (...) um legislador criterioso, com impor­tantes iniciativas, (...) um articulador hábil e um poderoso forma­dor de consensos."

O senador fez um balanço dos seus 58 anos de história legislati­va, exaltando seu perfil, que clas­sificou como conciliador, dizen­do ter buscado "incansavelmen­te o diálogo e a conciliação". Pa­ra ele, as críticas que o Congres­so sofre hoje são uma "incom­preensão da sociedade", fruto da velocidade com que as informa­ções circulam nos dias atuais.

"Parece que as leis podem ser feitas sem o complexo processo de examinar suas repercussões e alternativas, ouvir os especialis­tas e a sociedade, formar consensos e maiorias. Contrastam com o tempo do Legislativo os tem­pos do Executivo e do Judiciário, que podem decidir por um ato solitário", discursou.

Sarney exaltou o fato de o Se­nado estar informatizado, lem­brou a implantação de 80% da reforma administrativa e falou dos desafios que a Casa terá ao longo de 2013. "Estão aí sem solu­ção visível a reforma tributária, os royalties, o Fundo de Partici­pação dos Estados e o Fundo de Participação dos Municípios, pa­ra citar exemplos de que ainda não se tem a consciência política de que estes problemas não são regionais, mas nacionais."