Título: Senador petista fica livre de investigação
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2013, Nacional, p. A12

O senador Humberto Costa (PT-PE) livrou-se do risco de ser in­vestigado por suspeita de envolvi­mento com o esquema do mensalão. "Não há autoridade com prer­rogativa de foro", afirmou o procurador-geral da República, Ro­berto Gurgel, ao anunciar ontem que remeteria para a primeira ins­tância o depoimento no qual o empresário Marcos Valério fez novas revelações sobre o caso.

Além de ter dito que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha conhecimento da existên­cia do mensalão, Valério afir­mou que Humberto Costa rece­beu R$ 512 mil do esquema para bancar sua candidatura ao gover­no de Pernambuco em 2002.

Costa agora é senador e tem direito à prerrogativa de foro, mais conhecida como foro privilegiado - no caso, só poderia ser investigado e processado peran­te o Supremo Tribunal Federal. Se Gurgel suspeitasse de algo contra o congressista, teria pedi­do a abertura de um inquérito no STF. Em viagem ao exterior, Cos­ta não foi localizado ontem.

A decisão do procurador-geral de não apurar as suspeitas lança­das por Valério contra Costa pro­vocou alívio no governo. Se o se­nador virasse alvo, a avaliação no Planalto era de que havia a possibilidade de a eventual inves­tigação contra Lula ser transferi­da para o STF, tribunal que em dezembro condenou 25 réus do processo do mensalão.

No Planalto, havia o temor de que uma investigação contra o senador no STF poderia se tor­nar um "mensalão 2", caso ficas­se a cargo do ministro Joaquim Barbosa, relator do processo ori­ginal. A percepção no governo e entre petistas é que, fortalecido pela condução do julgamento do mensalão e agora investido no cargo de presidente da Corte, Barbosa poderia ir fundo nas in­vestigações contra Lula, com re­percussões políticas graves no PT e no atual governo.