Título: Queda de 2,7% na produção industrial é pior resultado desde o início da crise
Autor: Amorim, Daniela ; Nunes, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2013, Economia, p. B1

A produção da indústria brasileira caiu 2,7% em 2012, o pior resultado desde a crise internacional de 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi generalizada, com perdas em todas as categorias.

A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ajudou os segmentos beneficiados, mas a recuperação se deu de forma errática e localizada. O destaque no ano foi o recuo de 11,8% na fabricação de bens de capital, o que representa um sinal negativo para 2013.

A queda na fabricação de caminhões em 2012 teve grande influência. No entanto, houve contribuição também dos resultados negativos de outros segmentos que formam os bens de capital, o que indica um recuo disseminado nos investimentos.

A única exceção foi de bens de capital para a agricultura, que fechou o ano com alta de 3,5%. "Quando olhamos as estatísticas por dentro, vemos que o cenário ruim está bem disseminado. De fato, o setor de bens de capital mostra um sinal negativo para este ano", disse o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo.

A trajetória dos bens de capital é determinada pelo investimento dos demais segmentos da economia. Nos últimos cinco meses do ano, a produção na categoria acumulou recuo de 3,3%. Os empresários ainda não recuperaram confiança para retomar investimentos, mas o setor também sofre com estoques elevados e concorrência com importados. "Os investimentos não têm sinais de retomada. Então é um início de ano bastante preocupante", alertou Silvia Matos, coordenadora técnica do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

Em dezembro, a produção de máquinas e equipamentos caiu ao nível de meados de 2007, calculou o economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, André Perfeito. A explicação seria um misto de desconfiança do empresariado, desconhecimento sobre os efeitos da queda da taxa Selic na economia e pressão dos salários sobre as empresas.

Já a produção de bens de consumo duráveis sofreu menos no ano, diante das medidas de estímulo do governo. A redução do IPI beneficiou os setores contemplados, embora não tenha sido suficiente para sustentar um crescimento mais robusto por causa dos altos índices de inadimplência e comprometimento de renda das famílias. A categoria de duráveis fechou 2012 com queda de 3,4% na produção.

De novembro para dezembro, a indústria ficou estagnada (0%), com resultado positivo somente no setor de bens de consumo semi e não duráveis (0,9%). Apesar da expectativa de retomada no segundo semestre, a indústria ainda encolheu 0,3% no quarto trimestre em relação ao trimestre anterior, apontou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).