Título: Dilma comemora emprego recorde
Autor: Leal, Luciana Nunes
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/02/2013, Economia, p. B5

Em discurso no Pará, presidente pede parcerias com prefeituras para formação de técnicos

ENVIADA ESPECIAL CASTANHAL, PA No dia seguinte da divulgação da taxa de desemprego de 4,6%, a presidente Dilma Rousseff comemorou o resultado, mas mostrou preocupação com a qualidade da formação profissional no País. Dilma pediu às prefeituras mais parcerias com o governo federal para ampliação de matrículas nos cursos técnicos e profissionalizantes.

Em discurso durante entrega de 1.080 unidades habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida na cidade de Castanhal (PA), a 70 quilômetros de Belém, a presidente reforçou o pedido de colaboração dos governos locais para cumprir suas principais promessas, como o fim da miséria e a construção de 6 mil creches até 2014.

"O Brasil é um país com as menores taxas de desemprego de toda sua história e também no mundo. Chegamos a 4,6%, que é considerada uma taxa baixa de desemprego, mas queremos que os empregos sejam cada vez melhores", discursou a presidente, citando o índice de dezembro passado divulgado pelo IBGE, a mais baixa taxa de desemprego desde o início da série em 2002. "O curso técnico e profissionalizante é importante para o jovem e para o adulto, porque melhora a qualidade do trabalho, aumenta a capacidade de trabalho e aumenta a renda do trabalhador", disse Dilma.

Dilma fez um apelo aos prefeitos para cadastrar famílias que vivem em extrema pobreza e não estão no programa Bolsa Família. Dirigindo-se ao prefeito de Castanhal, Paulo Titan (PMDB), que prometeu apoio à reeleição da presidente e pediu mais casas populares e equipamentos médicos para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Dilma retribuiu: "O senhor me pediu, eu também vou pedir ao senhor. Que me ajude a completar o cadastro único do Bolsa Família. Temos que cadastrar todas as famílias que vivem na extrema pobreza ou na miséria para termos condições de superar essa etapa da nossa história. Estamos chegando perto de levantar e dizer com orgulho: £Esse País não tem mais pobreza extrema"".

Protesto. Um grupo de moradores que não conseguiu a casa própria, embora tenham se inscrito no Minha Casa Minha Vida, fez um protesto durante a solenidade. Eles cobraram informações sobre os critérios para a escolha dos beneficiados. A presidente aproveitou para repudiar supostas cobranças indevidas para garantir casa própria aos candidatos.

"Ninguém, nem governo federal, estadual, municipal, nem empresas, pode cobrar nada. Não pode usar a casa própria para pedir qualquer coisa para o morador", alertou Dilma.

Os que ainda estão sem casa ergueram uma faixa com a inscrição "Faltou para mim. Por quê?

A servente Eliana da Conceição Oliveira, de 47 anos, disse já ter pedido várias vezes que um representante do poder público veja as péssimas condições de sua casa, sem sucesso. "Se der um inverno forte, a casa vai cair. Já procurei todas as autoridades, mas nunca me chamam", lamentou Eliana.

A operária aposentada Maria Celeste Pereira de Araújo, de 61 anos, chegou cedo ao local da entrega das chaves, na esperança de fazer novo apelo por uma casa. "Ganho R$ 670 de aposentadoria e pago R$ 150 de aluguel.

Não dá para viver", reclamou.

Apoio. Dilma estava em clima ; amistoso no palanque, que reuniu adversários políticos como os tucanos Simão Jatene, governador do Pará, e Zenaldo Coutinho, prefeito da capital, e aliados como a ex-governadora Ana Júlia Carepa, do PT. Dilma riu quando o prefeito de Castanhal lembrou que foi eleito no ano passado em uma "coligação inédita" PMDB-PSDB-PT.

O vice-prefeito, o tucano Milton Santos, também estava no palanque e foi saudado por Dilma. Jatene fez um discurso de agradecimento à presidente pelos investimentos no Estado. Dilma, por sua vez, prometeu novas parcerias. Jatene elogiou Dilma, que pela primeira vez visitava o Pará como presidente.

"Tenha meu respeito e minha admiração pela coragem de enfrentar um dos desafios mais marcantes da desigualdade, que é a habitação. Esse Estado, esse país, é maior que qualquer partido e qualquer liderança política. Nós já elegemos, neste Estado, nossos dois grandes adversários: a pobreza e a desigualdade", discursou o governador tucano.

•Taxa baixa

DILMA ROUSSEFF - Presidente da República

"0 Brasil é um país com as menores taxas de desemprego de toda sua história e também no mundo. Chegamos a 4,6%, que é considerada uma taxa baixa de desemprego."