Título: Não esperem que eu morra em casa, diz Lula nos EUA
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2013, Nacional, p. A7

"Não esperem que eu morra em casa tossindo, vai ser em um palanque, ou em qualquer lugar brigando com alguém", disse ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva em discurso na cerimônia de abertura do Congresso Nacional do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Automobilística e Aeroespacial dos EUA, em Washington.

O pronunciamento de Lula ocorre num momento em que o PT pede sua volta em 2014. O ex-presidente entregou-se a uma intensa atividade política nosbasti-dores porque tem planos para sua agremiação em São Paulo. Ele empenha-se em uma estratégia que considera prioritária para tentar tirar o PSDB do Palácio dos Bandeirantes na eleição de 2014.

O ex-presidente falou durante 55 minutos, de improviso, para cerca de 1200 pessoas que o aplaudiram diversas vezes. Embora o recado possa ter recipientes atentos no Brasil, naquele momento fez parte da receita de auto ajuda do ex-líder sindical e político ainda ativo às organizações trabalhistas dos Estados Unidos. Lula defendeu que o movimento sindical americano não tolere a imposição de empresas que rejeitam a sindicalização de seus funcionários como requisito para investir no país. Estimulou os sindicalistas a se candidatarem a postos públicos, seguindo seu exemplo, e não esperar que políticos da elite os represente no Congresso.

Com a apuração sobre seu suposto envolvimento no mensalão chegando à Procuradoria da República em São Paulo Lula esquivou-se de falar com a imprensa brasileira. Ele se disse surpreso com a vitória do Corinthians, ontem, para não mergulhar numa conversa com jornalistas.

Em seu pronunciamento, Lula mandou conselho ao presidente americano Barack Obama. "Vocês não sabem o quanto eu torci pela eleição do presidente Obama. A eleição de um negro era necessária, como foi a de um operário no Brasil e a de um índio, na Bolívia", disse. "Peço a Deus que Obama saiba que não pode errar porque, senão, nenhum outro negro será eleito no país porque o preconceito é muito forte."