Título: País só deve ter Pibão em 2014, admite governo
Autor: Villaverde, João ; Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2013, Economia, p. B3

Ordem interna no Palácio do Planalto é correr para acelerar investimentos e garantir crescimento de no mínimo 3,5% em 2013

O "pibão grandão" que a presidente Dilma Rousseff pediu de presente no fim do aeo passado não deve chegar em 2013, segundo já se admite internamente no governo federal. Na Esplanada dos Ministérios, a ordem é trabalhar para tirar tudo o que foi anunciado do papel e buscar, assim, um crescimento de "pelo menos" 3,5%, estimativa usada nos cenários usados pelo Palácio do Planalto sobre o desempenho da economia este ano.

O avanço do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013 deve ser o melhor do governo Dilma, mas não basta apenas superar os 2,7% de 2011 - para a presidente é preciso chegar a, no mínimo, 3,5%. O governo entende que um ritmo forte da economia, na casa dos 5%, está contratado para o ano eleitoral de 2014. Mas, para isso, é preciso que este ano termine bem. "A economia deve começar ainda devagar, e ganhar força a partir do segundo trimestre", disse uma fonte no Planalto.

Grande aposta para puxar a taxa de investimentos para cima, o pacote de concessões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias não deverá causar grande impacto no crescimento do PIB deste ano. Um auxiliar próximo de Dilma afirmou ao Estado que é "ilusão" acreditar que as concessões serão capazes de estimular a economia já em 2013.

No Planalto, os quatro grandes pacotes de concessões de infraestmtura de transportes à iniciativa privada são vistos com uma perspectiva política neste ano. O governo precisa provar que osR$ 223 bilhões em concessões vão efetivamente sair do papel em 2013. Os editais de licitação devem ser feitos dentro do prazo ou com pequeno atraso, a demanda das empresas será grande, e, por fim, os contratos serão assinados até o fim do ano.

"Se tudo der certo, o governo terá vencido uma guerra com a oposição e com o próprio PT, que continua contrário às concessões", disse uma fonte do governo.

Nas rodovias, a parte mais adiantada dos pacotes, estima-se que se alguma ajuda ao crescimento ocorrer neste ano, será residual. Por outro lado, se não houver maiores contratempos, eles vão ajudar a "bombar" o PIB em 2014.

Entraves. Mas, para isso, o governo ainda precisa superar tradicionais entraves internos. Pelo cronograma divulgado em agosto do ano passado, os leilões de dois trechos rodoviários em Minas Gerais, as BR 116 e 040, já deveriam ter ocorrido. Eles, porém, foram suspensos há duas semanas e ainda não há nova data para a realização.

Depois do leilão é necessário elaborar os contratos, o que leva perto de 90 dias, segundo calcula o governo. Só então o concessionário vai começar a elaborar os projetos de engenharia, o que deverá consumir mais alguns meses antes de os tratores começarem a trabalhar.

Porém, há dúvidas no Executivo quanto à manutenção do ritmo. Os editais, elaborados a partir dos estudos econômicos, precisam ser submetidos ao Tribunal de Contas da União (TCU). Os editais das BRs 040 e 116, por exemplo, passaram anos em exame no órgão.

E esperado algum investimento ainda em 2013 porque, além da duplicação dos trechos rodoviários leiloados, será necessário fazer obras de recuperação. Os projetos de engenharia para essas intervenções são mais simples, de modo que algo poderá ser feito até o fim do ano.

Aeroportos, As concessões em aeroportos estão um passo atrás das rodovias. Só na última quarta-feira foi formalizada a contratação da Empresa Brasileira de Projetos (EBP) para realizar estudos de viabilidade econômica das concessões dos aeroportos de Galeão, no Rio de Janeiro e de Confins, em Minas Gerais.

Está previsto também um programa de R$ 7,3 bilhões em inves- timentos nos aeroportos regionais. A Secretarie, de Aviação Civil (SAC) vai colocar o Banco do Brasil (BB) para gerenciar esses projetos. A instituição utilizará o Regime Diferenciado de Contratação (RDC), teoricamente mais rápido que os trâmites tradicionais para a contratação d obras pelo serviço público.

Por ordem de Dilma, todos c projetos do PÂC serão contrate dos pelo RDC a partir deste anc Essa é a aposta para aumentar volume de execução dos investi mentos públicos.

0 pedido ao Papai Noel

Cinco dias antes do Natal do ano passado, ao sair da cerimônia de anúncio do pacote de infraestratura de aeroportos, a presidente Dilma Rousseff foi questionada pelos jornalistas sobre o que queria ganhar de presente do Papai Noel para 2013. A resposta veio rápida, sem titubear, mas também sem mais detalhes: "Um pibão bem grandão", disse a presidente.

No mesmo dia, elajá havia feito outras referências sobre o que esperava para o Brasil no ano que estava prestes a começar. "Nós vamos ter um 2013 muito próspero. Vamos ter um 2013 no qual nós vamos colher todos os frutos dessa trajetória de 2012, em que nós conseguimos definir uma política de logística, que também teve um marco importante na queda dos juros, na redução da tarifa de energia, no fato de que praticamos uma taxa de câmbio mais realista", afirmou a presidente na ocasião.

Em 2012, analistas do mercado financeiro terminaram o ano apostando num crescimento abaixo de 1% para o País.