Título: À imagem e semelhança do PMDB
Autor: Domingos, João ; Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2013, Nacional, p. A4

Henrique Eduardo Alves (RN) é, dos políticos atuais, o que mais se parece com o próprio PMDB. como o partido ao qual sempre pertenceu nos últi­mos 42 anos e 11 mandatos con­secutivos, ele molda-se às situa­ções políticas, aos governos do momento, às tendências eleito­rais. Costuma ensaiar rebe­liões, mas depois cede, sempre em troca de algo, a exemplo da nomeação de nomes indicados pelo partido ou por ele para cargos em órgãos do governo.

Quando o PT tomou a dire­ção da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) do PMDB, Al­ves fez ameaças. Foi contido com a promessa de que recebe­ria o apoio para a presidência da Câmara. No início do ano passado, quando a presidente Dilma determinou a demissão de um afilhado seu, diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), ele ensaiou nova rebeldia, mas a presidente o tran­quilizou, indicando outro afi­lhado seu, também do PMDB.

Estado natal. As atenções do deputado estão voltadas para o eleitor do Rio Grande do Nor­te, que o brindou com 11 man­datos seguidos, sempre pelo PMDB. É esse também seu pla­no futuro: disputar o governo do Estado com apoio do PT, após quatro décadas só de ex­periência legislativa.

Nos 42 anos de mandato, Al­ves aprendeu como ninguém a desfrutar do acesso aos gabine­tes de Brasília para pedir obras, liberar recursos e garan­tir que seus pleitos fossem atendidos. Há pouco mais de um mes ele arrumou uma briga com a Petrobrás, por causa de tanques da empresa espalhados por Natal. Narrou toda a bata­lha no Twitter e terminava cada mensagem assim: "Natal vai vencer".