Título: Dossiê apócrifo é distribuído pela manhã nos gabinetes
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2013, Nacional, p. A6
Material tinha reportagens com acusações contra Alves, que se irrita com estratégia de adversários na disputa pelo cargo
Em seu discurso de posse, Henrique Eduardo Alves (PMDB- RN) atribuiu ao "fogo amigo" as denúncias que surgiram contra ele nas semanas anteriores à eleição da Mesa Diretora.
Os deputados encontraram ontem de manhã em seus gabinetes uma publicação com cópias de reportagens de supostas irre- gularidades cometidas pelo deputado no exercício do mandato e até as suspeitas de enriquecimento ilícito. Ele classificou a publicação apócrifa de "pequena", "mesquinha" e de um "comportamento sem cara, sem rosto, clandestino e subterrâneo".
O peemedebista disse ainda que "as labaredas" desse fogo amigo não resistem às "chuvas de verão". Já eleito, disse que não tinha dado importância à publicação. "A melhor resposta foi minha eleição no primeiro turno", afirmou. Ainda assim, Alves passou por constrangimentos no plenário ao virar alvo dos seus três adversários na disputa pelo cargo - a peemedebista Rose de Freitas (ES), Júlio Delgado (PSB-MG) e Chico Alencar (PSOL-RJ).
O deputado do PSOL, que recebeu apenas 11 votos, foi o mais duro em seu pronunciamento. Criticou a hegemonia do PMDB no Legislativo e afirmou que o domínio do partido nas duas Casas dificulta o exercício da função fiscalizadora do Congresso. "É um perigo para a democracia brasileira", disse. Segundo ele, tal situação fará com que o "oficialismo predomine" e o Legislativo renuncie à fiscalização.
Alencar fez também críticas a Alves ao defender o projeto em tramitação na Casa que proíbe parlamentares de destinar recuros de emendas para empresas de seus assessores. Uma das denúncias que pesam contra Alves é por suposto favorecimento a empresa de engenharia de seu assessor. "As emendas parlamentares são usadas para o clientelismo, fisiologismo ouna perspectiva do mandato futuro", disse.
Alencar reconheceu que não tinha chance de vitória, mas afirmou que a contabilidade dos votos não era o mais importante. "O que mais importa é o que queremos para o Parlamento. E o Parlamento está mal."
Delgado, em pronunciamento antes de iniciada avotação, disse que "chegou a hora da mudança",de "vencer as práticas políticas que envergonham o Parlamento e vencer a politicagem na Casa Legislativa". O deputado do PSB lembrou que a ausência de disputa não permite o debate, a essência do Parlamento.
Rose de Freitas evitou críticas ao correligionário e acusou o Executivo de "não respeitar o povo brasileiro" por não defender um Parlamento forte. Ela defendeu a proposta de um orçamento impositivo. "Não é metáfora de campanha", afirmou.