Título: Taxa de retorno de rodovia sobe para atrair investidor
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/02/2013, Economia, p. B4

Mudanças, anunciadas por Mantega, incluem extensão do prazo de concessão e financiamento e menores restrições de crédito

Quase duas semanas depois de suspender o leilão de con­cessão de rodovias marcado para o dia 30, o governo anun­ciou ontem mudanças no mo­delo de licitação para atrair mais investidores. O anúncio foi feito pelo ministro da Fa­zenda Guido Mantega, duran­te evento em São Paulo, Além da extensão dos prazos de fi­nanciamentos e da concessão, as alterações melhoram a taxa de retorno financeiro das ro­dovias.

"As condições estabelecidas reduzem o custo e aumentam a rentabilidade do investimento. Nós caprichamos nas medidas. Ficou muito fácil fazer investi­mento nessas condições", afir­mou o ministro. Os nove trechos de rodovias federais (incluindo as duas de Minas Gerais que não foram leiloadas semana passa­da) terão o prazo de concessão estendido de 25 para 30 anos e o prazo de financiamento subirá de 20 para 25 anos.

Além disso, a concessionária vencedora do leilão terá carência de 5 anos para começar a pa­gar o empréstimo. Antes era de três anos. Conforme as regras es­tabelecidas pelo governo no lan­çamento do pacote de conces­sões no ano passado, os ganhado­res do leilão terão de fazer os in­vestimentos nos primeiros cin­co anos de concessão e apenas poderão cobrar pedágio após a realização de 10% das obras. "

Financiamento. O governo também alterou a taxa de juros dos financiamentos voltados às concessões rodoviárias. Agora será cobrada TJLP + até 1,5%, de­pendendo da classificação de ris­co do empreendedor. Antes não havia essa alternativa. O minis­tro da Fazenda destacou ainda que o governo vai formar um con­sórcio com a participação do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES), Caixa e Banco do Bra­sil para financiar os projetos. ""Eles (as instituições) poderão atuar juntos."

Mantega acrescentou que outras exigências para a liberação dos financiamento também fo­ram flexibilizadas, como o valor do patrimônio e dos ativos totais em relação ao crédito. Todas as alterações deverão elevar de for­ma significativa o retomo sobre o investimento.

O presidente da Empresa de Planejamento Logístico (EPL), Bernardo Figueiredo, afirmou que as taxas de retorno (TIR), que ficavam entre 10,8% e 14,6% podem subir para entre 12% e 17% - essa taxa é chamada de alavancada, pois inclui todo o volu­me de investimento. Ele expli­cou que o leilão do dia 30 foi sus­penso por causa de erros encon­trados no processo. "Além disso, alguns investidores nos aponta­ram algumas distorções que ago­ra estamos alterando."

Além de Mantega e Figueire­do, o evento contou com a pre­sença de outros integrantes do governo, como a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann; o ministro da Secretaria de Por­tos, Leônidas Cristino; o presi­dente da Empresa de Planeja­mento Energético (EPE), Maurí­cio Tolmasquim; e o secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marcos Antô­nio Martins Almeida. Cada um teve a missão de vender as opor­tunidades de negócios em suas áreas. Mantega e Gleisi exalta­ram os avanços da economia nos últimos anos, apresentaram pes­quisas internacionais sobre a vi­são do investidor estrangeiro em relação ao Brasil e clamaram por novos investimentos.

Nas próximas semanas, os in­tegrantes do governo vão peregrinar por capitais do Brasil e de outros países para tentar atrair interessados nos projetos. Essa é a grande aposta do governo pa­ra turbinar o crescimento.