Título: Conjuntura favoreceu a política de dívida pública
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/02/2013, Economia, p. B2
A queda dos juros básicos ajudou a política do governo para a dívida pública, com a substituição de papéis indexados pela taxa Selic por títulos corrigidos pela infiação oficial (IPCA) ou prefixados. Na prática, isso tornaria menos interessante aplicar em títulos públicos indexados ao DI, que ainda predominam nas carteiras dos fundos.
Houve uma mudança significativa na composição da dívida pública: entre dezembro de 2011 e dezembro de 2012, os papéis prefixados aumentaram de 37,22% para 40% sua participação. A dos papéis indexados à inflação foi de 28,28% para 33,87%, enquanto caía a dos indexados pela Selic, de 30,14% para 21,73%. É improvável que a tendência se altere neste ano, pois os títulos corrigidos pelo IPCA oferecem remuneração real se levados até o vencimento. Outro fato positivo: entre dezembro de 2011 e dezembro de 2012, o prazo médio da dívida pública aumentou de 3,62 anos para 3,97 anos.
Os títulos públicos tiveram valorização no ano passado. Ela se explica, por exemplo, pela queda das taxas dos papéis prefixados: foram beneficiados os títulos mais antigos, adquiridos quando os juros básicos eram mais altos.
Entre 2011 e 2012, nos cálculos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a rentabilidade dos títulos públicos medida pela cesta de índices da entidade (IMA) aumentou de 13,7% para 17,7%. Foi um estímulo aos 328,8 mil aplicadores no Tesouro Direto (+19%, em 2012), titulares de papéis no montante de R$9,5 bilhões. O Tesouro Direto é uma modalidade destinada às pessoas físicas que têm mais prazo para aplicar.
Mas, se houve bons resultados para os aplicadores e para a política do Tesouro, a dívida cresceu, em termos líquidos, 2,18%, apenas em dezembro, e 7,58%, no ano, superando a casa dos R$ 2 trilhões. E isso se explica, em especial, pelas emissões de R$ 76 bilhões destinadas a capitalizar o BNDES (R$ 55 bilhões), a Caixa Econômica Federal (R$ 13 bilhões) e o Banco do Brasil (R$8 bilhões).
A queda do juro básico derrubou o custo médio mensal de colocação da dívida de 13,57%, em dezembro de 2011, para 10,24%, em dezembro de 2012, mas o custo anual acumulado caiu menos, de 12,83% para 11,55%. O impacto do ônus nas contas fiscais será menor, em 2013, caso o Copom não tenha de aumentar o juro básico. Os títulos públicos beneficiam-se da escassez de papéis privados que ofereçam renda real. Melhor seria que se fortalecesse no publico a confianca na política fiscal, evitando que os investidores temam pelo futuro das suas aplicações.