Título: Desde a adoção do jato, voar nunca foi tão seguro
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2013, Economia, p. B1

EUA não tem acidentes com vítimas fatais há 4 anos. No Brasil, 2012 teve recorde de acidentes com pequenas aeronaves

Jad Mouawad Christopher Drew

THE NEW YORK TIMES

Voar num avião de linha comercial nunca foi tão seguro. O último acidente fatal nos Estados Unidos completa quatro anos, um período inigualável desde que os aviões movidos a hélices deram lugar aos jatos, há mais de meio século.

No mundo inteiro, o ano passado foi o mais seguro desde 1945, com 23 acidentes mortais e 475 vítimas, conforme a Aviation Safety NetWork. Ou seja, menos da metade das 1.147 mortes em, 42 acidentes, registrados no ano 2000. No Brasil, a situação é bem diferente. A aviação civil brasileira bateu recorde de acidentes com aeronaves de pequeno porte no ano passado. Foram 168 registros, ante 159 em 2011.

Nos últimos cinco anos, o risco de morte para passageiros nos EUA foi de um em 45 milhões de voos, segundo Arnold Barnett, professor de estatística no MIT (Massachusetts Institute ofT echnology). Em outras palavras, voar ficou tão seguro que uma pessoa pode viajar diariamente durante 123 anos até sofrer um acidente fatal.

Existem muitas razões para esses avanços. Os aviões e os motores são mais confiáveis. A navegação e a tecnologia de alertas mais avançadas reduziram acidentes outrora comuns como colisões no ar ou contra montanhas por causa da pouca visibilidade.

Hoje os órgãos fiscalizadores, pilotos e companhias aéreas compartilham informações detalhadas sobre riscos de voo, com o objetivo de evitar acidentes em vez de reagir depois que ocorrem. E quando um acidente ocorre os passageiros hoje têm mais probabilidade de sobreviver.

A retenção em terra da frota dos Boeing 787 no mês passado ilustra esta nova era de precaução. A última vez que uma frota de aviões foi impedida de decolar foi em 1979, depois de um DC-10 da McDonnell Douglas cair logo após a decolagem no Aeroporto O7 Hare em Chicago, matando 273 pessoas. No caso dos 787, eles ficaram retidos deoois de dois episódios envolvendo baterias expelindo fumaça em que ninguém se feriu e nenhum avião foi perdido.

O último acidente fatal com um avião de linha nos EUA foi com o Colgan Air Flight 3407, que caiu perto de Buffalo, Estado de Nova York,em 12 de fevereiro de 2009, com a morte de 50 pessoas. O piloto agiu ao contrário do que deveria quando gelo se formou nas asas do aparelho.

Talvez ainda mais digno de nota seja o fato de não ter ocorrido nenhum acidente envolvendo uma grande empresa aérea desde que um avião da American Airlines que seguia para a República Dominicana caiu depois de decolar em NovaYork, em novembro de 2001, matando todas as 260 pessoas abordo.

Mas, embora voar esteja mais seguro, não estamos livres de riscos. O acidente com o Colgan também chama a atenção para as linhas aéreas regionais, que contratam pilotos jovens, às vezes com pouca experiência, a uma fração dos salários pagos pelas grandes companhias.

Brasil. No Brasil, foram 168 acidentes com aeronaves de pequeno porte em 2012, ante 159 em 2011. E o maior número da série histórica e oficial, iniciada em 2000. Foram 146 ocorrências com aviões e 27 com helicópteros. As estatísticas vêm crescendo na última década - houve 61 registros em 2002. Apesar disso, caiu o número de mortes: 71, ante 90 em 2011, segundo o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

/TRADUÇÃO OE TEREZINHA MARTINO