Título: G-7 reafirma o câmbio de mercado
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2013, Economia, p. B4
O G-7 - grupo que reúne as sete economias mais desenvolvidas do mundo - reiterou ontem seu compromisso com as taxas de câmbio determinadas pelo mercado e informou que as políticas fiscal e monetária não devem ser orientadas para desvalorizar moedas.
A reafirmação vem após várias declarações sobre guerras cambiais, em grande parte pelo novo governo do Japão pressionando para uma expansão agressiva da política monetária, que tem enfraquecido o iene de forma acentuada como resultado. Segundo o comunicado, as potências integrantes do G-7-Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Japão, Canadá e Itália-concordaram em monitorar estreitamente as taxas de câmbio, que num movimento desordenado poderiam prejudicar a estabilidade econômica e financeira.
"Reafirmamos que as nossas políticas fiscal e monetária têm sido e continuarão a ser orientadas no sentido de cumprir nossos respectivos objetivos nacionais com instrumentos domésticos, e que não terão como alvo as taxas de câmbio", disse o comunicado divulgado pela Grã-Bretanha, que preside o fórum G-8 (G-7 mais a Rússia) deste ano.
Apesar disso, não há indícios de que Tóquio será alvo de forte pressão quando os ministros das Finanças do G-20 e os representantes de bancos centrais se reunirem em Moscou, no fim da semana, até porque os EUA estão tolerando políticas semelhantes -o encontro deverá ter a participação do ministro da Fazendo do Brasil, Guido Mantega, e do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini.
Apoio ao comunicado. O ministro das Finanças japonês, Taro Aso, saudou o comunicado do G-7, dizendo que o documento reconheceu que a política monetária de Tóquio não foi destinada a afetar os mercados de câmbio. "Tem havido opiniões de que as nossas medidas contra a desaceleração econômica provocada pela deflação visam a alterar as taxas de câmbio", afirmou Aso a repórteres. "Mas esse não é o caso, e restante das nações (do G-7) entendeu corretamente isso. Nesse sentido, n último (comunicado) é significativo", disse o ministro.
"O Japão, que tem um banco central estável e um governo estável, deve fazer declarações claras em um momento como esse, ou desnecessariamente dará ao restante do mundo um motivo de preocupação sobre os aspectos das políticas econômicas e monetárias. Queremos evitar isso a qualquer custo, e é esse o papel que devemos desempenhar", acrescentou o ministro.
O iene enfrentou uma sessão volátil ontem, primeiramente afundando para depois entrar em rali após o comunicado do G-7. Às 16I127 (de Brasília), o dólar recuava para 93,55 ienes, de 94,25 ienes no .fim da tarde de ontem. E o euro caía para 125,85 ienes, de 126,54 ienes ontem
O subsecretário do Tesouro dos EUA, Lael Brainard, disse na segunda-feira que os Estados Unidos apoiam o esforço japonês para acabar com a deflação, mas notou que o G-7 tem tido o compromisso de buscar taxas de câmbio determinadas pelo mercado, exceto em raras circunstâncias em que a volatilidade excessiva ou os movimentos desordenados podemjustifi-car uma ação.
Competitividade. No meio de todo esse debate, o presidente francês, François Hollande, disse que as taxas de câmbio não devem ser usadas como ferramentas de competitividade para o comércio.
"Nós devemos assegurar que as moedas não sejam usadas como instrumentos para uma competitividade que não é real, mas simplesmente monetária", afirmou Hollande durante a coletiva de imprensa com o primeiro-ministro de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker. "Devemos garantir que as taxas de câmbio não sejam usadas para razões comerciais", acrescentou o presidente francês.
Os comentários feitos ontem por Hollande são mais moderados que os de um discurso proferido dias atrás ao Parlamento Europeu. Na semana passada, ele afirmou que a zona do euro deveria ter uma política cambial para garantir que as taxas reflitam a economia real e também disse que a moeda única não deve oscilar de acordo com o humor dos mercados. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS