Título: Oposição tenta vetar indicado ao Pentágono
Autor: Marin, Denise Chrispim
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/02/2013, Internacional, p. A10

Republicanos tornam mais difícil aprovação de novo secretário de Defesa de Obama

A bancada republicana no Senado dos Estados Unidos conseguiu ontem colocar em xeque a nomeação de Chuck Hagel como secretário de Defesa. Por meio de um instrumento regimental, serão necessários 60 votos - e não apenas a maioria simples, de 51 - para aprovar a escolha do presidente americano, Barack Obama.

A Casa Branca convocou o atual titular do posto, Leon Panetta, a permanecer por mais tempo. A bancada democrata espera que a votação definitiva ocorra na próxima semana.

O bloqueio contra Hagel é o primeiro desafio imposto pelos republicanos a Obama no segundo mandato. Pode não ser o mais sério - há a decisão sobre os cortes dos gastos públicos a partir deste ano -, mas será suficiente para constranger a Casa Branca diante de seus aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que se reunirão na próxima semana, em Bruxelas, para tratar da Guerra no Afeganistão.

"Nós precisamos que o novo secretário de Defesa esteja lá", afirmou Josh Earnest, sub-secretário de imprensa da Casa Branca, preocupado com a imagem que o bloqueio republicano causará nos aliados da Otan. "Nós apelamos aos republicanos no Senado para acabar com esse atraso. Há uma clara maioria no Senado dos EUA para a aprovação de Hagel. Essas táticas são injustas e devem terminar agora É difícil explicar para nossos aliados porque isso está acontecendo", completou.

No plenário, o senador Harry Reid, líder da maioria democrata, comparou a atitude dos republicanos à de um time de futebol de escola secundária. "Pelo bem da segurança nacional, nós precisamos colocar de lado esse teatro político", conclamou.

Os apelos de nada adiantaram. A Casa Branca insistia, até o final da tarde de ontem, em manter a indicação do ex-senador republicano Hagel para o comando do Pentágono. A votação deverá ocorrer apenas depois do feriado de 18 de fevereiro.

Os republicanos resistem à aprovação, sob o argumento de Hagel ter se oposto, no passado, à invasão do Iraque, ao envio de tropas adicionais ao Afeganistão, em 2010, e ao compromisso americano com a defesa de Israel.

A oposição ainda reclamava da falta de informações sobre a fonte de pagamentos a Hagel por palestras. O total recebido por ele foi de apenas US$ 5 mil. O senador republicano Ted Cruz levantou a suspeita de que Hagel tenha falado a grupos extremistas. Na avaliação dos parlamentares, essas questões não foram respondidas propriamente pelo nomeado em sua sabatina no Comitê de Serviços Armados do Senado, no dia 31.

Na terça-feira, ao final de um tenso debate, a nomeação de Hagel para o posto de secretário de Defesa foi aprovada por uma estreita diferença de 3 votos - 14 a 11.

Os democratas contam com 53 votos no Senado, mais 2 de políticos independentes. Para obter o mínimo de 60 votos, será preciso convencer 5 republicanos. "Ninguém quer bloquear a aprovação. Mas, do nosso lado, há consenso de que precisamos de mais informações e temos o direito de recebê-las", afirmou o senador republicano Lindsey Graham, principal voz contra a nomeação de Hagel para o Departamento de Defesa.