Título: Dílma revê planos e amplia reforma em ministérios
Autor: Rosa, Wera
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/02/2013, Nacional, p. A4
A presidente Dilma Rousseff deve fazer em março uma reforma ministerial mais ampla do que a prevista inicialmente para acomodar novos aliados je resolver pendências com antigos parceiros, num movimento planejado para construir as bases de sua campainha à reeleição, em 2014.
Empenhada em conquistar apoios, Dilma pode ceder à cúpula do PDT, que reivindica a troca do ministro do Trabalho, Brizola Neto, e atender o PR, ávido por substituir o titular dos Transportes, Paulo Sérgio Passos.
Os movimentos da presidente, na fase pós-faxina - período iniciado em julho de 2011, quando seis ministros foram substituídos por conta de irregularidades nas pastas têm o objetivo de evitar que apoiadores do PT sejam atraídos por outros candidatos ao Palácio do Planalto.
O governo acompanha com lupa os passos do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), possíveis adversários de Dilma na disputa do ano que vem, e fará de tudo para impedir a debandada de aliados.
"Especuiação". Brizola Neto se jreuniu ontem com dirigentes da Força Sindical, em São Paulo. O ministro contou que Dilma lhe telefonou e garantiu que notícias sobre sua saída não passam de "especulação". Contrariada com o "vazamento" de informações, a presidente também pediu à ministra da Comunicação Social, Helena Chagas, que negasse a preparação de uma reforma ministerial, neste momento. O desmentido foi publicado no Blog do Planalto.
Antes do carnaval, o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse a Dilma que o partido não se sente representado por Brizola Neto, seu desafeto. Ex-ministro do Trabalho, defenestrado em 2011, no rastro de denúncias de corrupção, Lupi indicou para o ministério o secretário-geral do PDT, Manoel Dias.
Dilma ainda não deu resposta. Nos bastidores do Planalto, o comentário é que Brizola Neto não consegue unir o PDT e não emplacou nem o líder da bancada do partido na Câmara. Disputa o comando do PDT com Lupi que, apesar das acusações contra ele, detém a hegemonia do partido.
Mais pragmática do que quando chegou ao Planalto, em 2011, Dilma quer agora na Esplanada representantes de partidos que possam garantir sua reeleição. Para tanto, vive o dilema de ceder ou não aos pedidos daqueles que caíram na "faxina".
Nos últimos dias, ela teve várias reuniões reservadas para tratar da reforma na equipe. Conversou com o vice-presidente Michel Temer e com os ministros Aloizio Mercadante (Educação), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Alexandre Padilha (Saúde). Dias antes, já havia se encontrado com dirigentes do PDT e do PR.
Crucial. A prioridade de Dilma é manter a dobradinha com o PMDB na campanha da reeleição. Apesar dos rumores sobre uma aproximação com Campos, ela não pretende oferecer a vaga de vice ao PSB em sua chapa.
O PMDB comanda hoje 5 dos 38 ministérios (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Secretaria de Assuntos Estratégicos), além das presidências da Câmara e do Senado, mas pode crescer. O PT, por sua vez, ocupa 18 cadeiras na Esplanada e luta para não perder espaço.
Antes cotado para Ciência e Tecnologia, o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) agora e citado para Turismo. Chalita apoiou a candidatura de Fernando Haddad (PT) no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo e, na ocasião, o acordo previa uma vaga no ministério.
Para abrigar o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kas-sab, o novo Ministério da Micro e Pequena Empresa deverá mesmo ser entregue ao vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD). O projeto de criação da pasta só aguarda a aprovação do Congresso.
A cúpula do PR quer trocar Paulo Sérgio Passos, dos Transportes, sob a alegação de que ele nunca foi um "republicano autêntico". Passos assumiu após o presidente do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), ser obrigado a deixar o cargo sob denúncias de corrupção na pasta.
Até hoje, a presidente resistiu às mudanças, ipias agora tem sido aconselhada a ceder. O PDT ameaça apoiar a possível candidatura de Campos, em 2014, e o PR já deu mostras de que tem bom trânsito com o PSDB. No ano passado, por exemplo, aliouse ao tucano José Serra na briga pela Prefeitura de São Paulo.
O PSB de Campos deve manter o comando de dois ministérios (Integração Nacional e Portos). Auxiliares de Dilma dizem que, se o governador for candidato, deveria "devolver os cargos".
SOBE E DESCE
Brizola Neto - PDT-RJ
O neto de Leonel Brizola- fundador da sigla e ícone dos trabalhistas - assumiu o Ministério do Trabalho após denúncias de irregularidades na pasta derrubarem Carlos Lupi, p presidente do PDT. Ele pode deixar o cargo agora para dar espaço a um nome mais próximo de Lupi.
Gabriel Chalita - PMDB-5P
O deputado federal, que disputou a Prefeitura de SP e apoiou Fernando Haddad no 2.0 turno das eleições, é cotado para assumir um ministério. A dúvida é se Chalita entra na Esplanada apenas substituindo um peemedebista, como na pasta do Turismo, ou se o PMDB herda um novo ministério.
Guilherme Afif Domingos - PSD-SP
O vice-governador de São Paulo, que ingressou na legenda criada por Gilberto Kassab, deve assumir o Ministério da Micro e Pequena Empresa, se a pasta de fato for criada por Dilma. Ele é o nome indicado por Kassab. O ministério é a garantia de ter o PSD na base aliada.
Paulo Passos - PR-BA
Atual ministro dos Transportes ocupou a pasta após o presidente do PR, Alfredo Nascimento, ser obrigado a pedir demissão devido a denúncias de corrupção envolvendo a cúpula do ministério. O PR acha que Passos não representa o partido e quer indicar novo nome para o cargo.
Blairo Maggi - PR-MT
O senador é cotado para entrar no Ministério dos Transportes no lugar de Paulo Passos, mas também não é uma unanimidade no PR e nem está entre os preferidos do Palácio do Planalto. Há duas semanas, Maggi esteve no Palácio do Planalto para uma reunião com a presidente Dilma.
Marco Antonio Raupp
sem partido
Com perfil técnico, o ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e ex-presidente da SBPC poderá perder o cargo que ocupa para abrir espaço para Gabriel Chalita (PMDB- SP) no Ministério da Ciência e Tecnologia. Dilma ainda tem dúvidas sobre esse arranjo.