Título: PT paulista descarta abrir mão de candidatura por Dilma
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2013, Nacional, p. A6

Deputados estaduais se reúnem para rechaçar hipótese de ceder vaga no Estado ao PMDB, em troca de costura nacional

Um dia depois de Luiz Inácio Lu­la da Silva ter lançado a presiden­te Dilma Rousseff candidata à reeleição, o PT paulista ameaça colocar obstáculos na estratégia de alianças em tomo da candidatura da petista. Ontem, os deputados estaduais da legenda se reuniram e defenderam, de ma­neira unânime, candidato a governador pelo PT em 2014.

Uma das estratégias defendi­das por Lula para 2014 é ceder a cabeça de chapa em São Paulo para o PMDB, de modo a abrir espa­ço para a composição nacional com o PSB. De acordo com esse arranjo, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) ou o deputado Gabriel/Chalita (PMDB) te­riam o apoio do PT na corrida paulista em troca da cessão da vi­ce para o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

"É um momento de deixar, emergir as posições. No PT sem­pre é bom ter debate, mas temos que ter tranqüilidade para que o partido se mantenha unificado. É fundamental reeleger a Dilma, como é fundamental ganhar 2014 no Estado de São Paulo", disse o deputado Edinho Silva, presidente estadual do partido.

"Não é do nosso interesse nem do PMDB. É de uma enge­nharia impossível de ser fazer. Não tem nenhuma viabilidade política. É consenso absoluto na bancada", disse o deputado esta­dual Antonio Mentor. "A avalia­ção geral é a de que o PT tem que ter candidato próprio. O partido tem bons nomes. Temos que fa­zer um diagnóstico pelo Estado e fortalecer os nossos candidatos", afirmou o líder do PT na Assembleia, Alencar Santana.

Todos os 22 parlamentares pe­tistas presentes à reunião foram favoráveis à candidatura própria, inclusive o presidente do PT, Rui Falcão - que, questionado direta­mente sobre a questão, defendeu o PT na cabeça de chapa.

"Se houvesse alguma viabilida­de, o Michel toparia na hora. Não tem. Se o PT indica o Temer, o Alckmin papa no primeiro tur­no. A imagem dele é muito conso­lidada", comentou um deputado que preferiu não se identificar.

Anteontem, o PMDB paulista soltou nota na qual afirma que "a prioridade do PMDB de São Pau­lo é a manutenção da aliança vito­riosa constituída pela chapa Dilma-Temer para presidente e vice-presidente da República nas eleições de 2014". Temer e Chalita não compareceram ontem ao evento de comemoração dos dez anos do PT no governo federal, durante o qual Lula defendeu a reeleição de Dilma. A ausência foi interpretada por petistas co­mo um sinal de insatisfação com as articulações para 2014. Entre outros pontos de discórdia, está a espera pela indicação de Chalita para um ministério de Dilma.

No encontro de ontem, os pe­tistas também viram o discurso sobre a reeleição de Dilma como um recado às "viúvas" que prega­vam nos bastidores a volta de Lula em 2014. / Fernando Gallo e Julia Duailibi