Título: BB e Caixa concedem mais crédito e ganham mercado de bancos privados
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/02/2013, Economia, p. B1

Empréstimos cresceram 25% no Banco do Brasil e 45% na Caixa, para uma alta de 16% no sistema financeiro em geral

A pressão do governo surtiu efeito e os bancos públicos despejaram crédito na economia brasileira em 2012. No Banco do Brasil, que divulgou ontem o balanço anual, a expansão ficou perto de 25%. Terça-feira, a Caixa Econômica Federal informou um avanço ainda mais expressivo 45%. No sistema financeiro em geral, a alta foi de 16%, segundo o Banco Central (BC).

Quando a comparação é feita com as instituições privadas, a diferença é maior. No Itaú, líder do segmento, os empréstimos subiram apenas 6%. No Bradesco, 8,3%, e no Santander, 7,6%.

Um dos resultados mais evidentes de estratégias tão distintas é o aumento da participação de mercado do BB e da Caixa. O maior banco do País abocanhava, ao final de 2012, 20,4% do mercado de crédito, ante 19,2% um ano antes. Na Caixa, a fatia ; passou de 12,3% para 14,99%.

Em termos de lucro, os dois públicos tiveramalta, apesar da queda dos juros cobrados dos clientes. No BB, a expansão foi de 0,7%, para R$ 12,2 bilhões. NaCaixa, de 17,1%, para R$ 6,1 bilhões.

Para alguns, números como esses mostram que as instituições públicas se adaptaram melhor a um ambiente macroeconômico marcado pela redução da taxa básica de juros (Selic) para os níveis mais baixos da história.

Para outros, o BB e -principalmente - a Caixa foram ousados demais e podem pagar um preço alto no futurò, materializado em um salto da inadimplência e conseqüente sangria nos balanços.

"A gente responde às críticas com resultados", disse o presidente do BB, Aldemir Bendine. "Também tivemos questionamentos em 2009 (quando, em meio à grave crise global, o banco foi mais agressivo que os privados na concessão de crédito). Estamos falando de quatro anos. Se fosse uma política errada, já haveria reflexo nos resultados." Especialista em análise de bancos, o professor da USP Alberto Borges Mathias concorda. "Os bancos públicos estão se adaptando melhor à nova realidade. "Seus números mostram que, com a expansão dos volumes emprestados, a inadimplência cai." O presidente da agência de classificação de risco Austin Rating, Erivelto Rodrigues, não se convence mesmo diante dos números dos bancos públicos. "Me soa estranho o índice de inadimplência do BB (na faixa de 2%) ser tão inferior ao do Itaú (na casados 696)", disse. "O BB renegocia mais o crédito do que os bancos privados, o que implica inadimplência menor." Segundo ele, ao adotar a estratégia, o BB contabilizaria menos créditos como perdas e isso se refletiria numa taxa de calote mais baixa.