Título: Resultado reforça os sinais de retomada aos trancos e barrancos
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2013, Economia, p. B1

O IBC-Br de dezembro, indicador ante­cedente da variação do PIB, divulga­do nesta quarta-feira pelo Banco Cen­tral, ajuda a reforçar duas hipóteses: 1) a economia brasileira atingiu o fundo do poço do atual ciclo de retração do ritmo de crescimen­to no segundo trimestre de 2012; e 2) a retoma­da está se dando em ritmo lento, aos trancos e barrancos.

Calculado pelo Banco Central, em base men­sal, o IBC-Br usa variáveis aproximativas, com o objetivo de antecipar os resultados da evolução do PIB, em sua maior parte, efetivamente apura­dos pelo IBGE, em base trimestral. Não só pela diferença de periodicidade, mas, sobretudo, pe­las "proxys" utilizadas - os serviços financeiros, por exemplo, que impactaram, negativamente, a evolução da economia, no terceiro trimestre de 2012, são componentes do cálculo do PIB, mas não do IBC-Br - o indicador pode não coinci­dir com o PIB verificado, nem essa é a sua exata função.

Com o resultado do IBC-Br de dezembro, in­dicando um crescimento de 0,6% no quarto tri­mestre sobre o terceiro, a economia registrou, no ano passado, de acordo com o indicador do BC, avanço de 1,6%. Em razão, sobretudo, do fraco desempenho da indústria e da surpresa negativa da retração do varej o restrito (sem con­siderar o comércio de veículos e de materiais de construção), no último mês do ano, a variação do IBC-Br, no quarto trimestre mostrou recuo sobre o terceiro.

Isso significa que o ano terminou com a eco­nomia em andamento mais fraco, dando susten­tação às projeções de um crescimento do PIB, em 2012, nas vizinhanças de 1%, com possibilida­de de fechar um pouco acima ou um pouco abai­xo desse modestíssimo valor central. Os núme­ros oficiais do IBGE para o ano passado estão previstos para serem divulgados em duas sema­nas.

O fechamento muito fraco de 2012, acentua­do pelo arrefecimento de ritmo no último tri­mestre do ano, tira potência da evolução econô­mica nos primeiros meses de 2013. De todo mo­do, de acordo com cálculos de analistas de conjuntura, é possível localizar sinais de reação, a partir dos quais giram as estimativas de cresci­mento de 1% no primeiro trimestre deste ano sobre o quarto trimestre de 2012. Se confirmada essas projeções, a economia estaria retomando uma trajetória na direção de seu potencial, no momento estimado entre 3% e 3,5% ao ano.