Título: Indicador do BC mostra que economia fechou 2012 crescendo, mas pouco
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2013, Economia, p. B1

Alta do IBC-BR foi do 0,26% em dezembro, resultado que leva o mercado a projetar o crescimento do PIB de 2012 em cerca de 1%

A economia brasileira fechou 2012 com o pior desempenho desde 2009. O indicador de ati­vidade do Banco Central, di­vulgado ontem, apontou ex­pansão de 0,26% em dezem­bro, mostrando que a econo­mia está crescendo, mas em ritmo muito lento.

O indicador do BC fechou o ano com uma alta de 1,64%. Para analistas do mercado financei­ro, este resultado indica que o resultado do índice oficial do de­sempenho da economia será ain­da menor. O PIB, medido pelo IBGE, deve ter crescido 1%, di­zem os economistas.

O índice de Atividade Econô­mica do Banco Central (IBC-Br) tem apresentado resultados su­periores aos verificados pelos nú­meros oficiais do IBGE, que levam em consideração um leque maior de dados.

Por isso, muitos economistas afirmaram ontem que o indica­dor reforça a expectativa de uma leitura fraca pará o resultado do IBGE, que será conhecido no próximo mês.

Em dezembro, o indicador do BC cresceu 0,26%, bem abaixo dos 0,57% de novembro, na com­paração mensal. O resultado veio pouco abaixo das projeções do mercado. No quarto trimes­tre, o crescimento foi de 0,62%, inferior ao verificado no período de julho a setembro, em relação ao trimestre anterior.

Se forem descontados os efei­tos sazonais, o desempenho anual do indicador do BC foi ain­da pior: avanço de apenas 1,35%.

Diferença. Embora seja consi­derado como um indicador que antecipa a tendência para o PIB, o IBC-Br apresentou resultados mais elevados em todos os tri­mestres de 2012. Enquanto os nú­meros do IBGE mostram altas de 0,1%, 0,2% e 0,6% nos três pri­meiros trimestres de 2012, nas comparações com os trimestres anteriores, o IBC-Br cresceu, nestes períodos, 0,30%, 0,58% e 1,12%.

Os números oficiais do PIB pa­ra o ano passado serão divulga­dos pelo IBGE em 1° de março. Na semana seguinte, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para avaliar se mantém ou não a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 7,25% ao ano.

Fundo do poço. A economista- chefe da Rosenberg & Associa­dos, Thaís Zara, disse que o IBC-Br mostra que "a sensação de pio­ra ficou para trás". "Já deixamos o fundo do poço. Estamos voltando a crescer de modo lento e gra­dual", afirmou. Ela prevê alta de 2,5% para o PIB em 2013.

A consultoria LCA e o Besi Bra­sil preveem alta de 1% para o PIB de 2012. A Austin Rating vê avan­ço "ao redor de 1,1%". Para Mariana Hauer, do Banco ABC Brasil, o IBC-Br mostra que a economia está crescendo, porém pouco, "compatível com um PIB de 1% (em 2012)". A economista, con­tudo, projeta uma retomada do crescimento, com alta de 3,3% pa­ra o PIB de 2013.

Decepção. Andre Perfeito, economista-chefe da Gradual Inves­timentos, projeta crescimento de 0,84% para 2012 e avalia que o resultado de 2013 pode decepcio­nar mais uma vez, ficando em 2%. O Itaú-Unibanco faz uma projeção de 0,9% para 2012.

Regiões. As regiões Nordeste e Centro-Oeste cresceram acima da média nacional em 2012, se­gundo o índice de Atividade Eco­nômica Regional do BC. A expansão nas duas regiões foi, respecti­vamente, de 3,33% e 2,01%, considerando os dados sem ajuste sa­zonal.

A região Sudeste teve cresci­mento de 1,00%, enquanto o Norte cresceu 0,91%. A única re­gião cujos dados de 2012 não ha­viam sido fechados pelo BC até ontem à noite era o Sul, que apre­sentou crescimento de 0,58% até novembro em relação ao mes­mo período de 2011.

Com o resultado do IBC-Br, os investidores reduziram as apos­tas de um possível aumento da Selic no curto prazo. Segundo operadores, o aperto monetário pode ser menor e mais adiante do que aquele que estava sendo cogitado. / COLABORARAM RENAN CARREIRA, RAFAEL MORAES MOURA e MÁRCIO RODRIGUES