Título: Prospecções feitas nas últimas quatro décadas fracassaram
Autor: Torres, Sergio
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2013, Economia, p. B3
Dos 93 poços perfurados na região, em apenas dois foram encontrados vestígios da presença de óleo e gás
Rio
A constatação de que existem reservatórios submarinos de petróleo com viabilidade comercial na Guiana Francesa, a 50 km da fronteira marítima com o Estado do Amapá, representa uma espécie de alento para a Petrobrás e as demais empresas petrolíferas interessadas em atuar na região.
Isso porque fracassaram todas as prospecções realizadas nas últimas quatro décadas no litoral do Amapá, em área da Bacia da Foz do Amazonas. Na visão de analistas e das próprias empresas, a descoberta do petróleo no departamento ultramarino da França dará novo impulso à atividade no local, desta vez, com perspectivas favoráveis de êxito.
Em 2001, após anos de frustrações nos processos exploratórios na bacia, a inglesa British Petroleum (BP), então chamada de BP Amoco, por causa da incorporação da American Oil Company (Amoco) três anos antes, desativou sua base de prospecção na foz do Amazonas, localizada a cerca de 550 km de Belém.
O motivo da desistência da petroleira foi bem simples: não encontrou petróleo na região, apesar dos estudos, pesquisas e sondagens exploratórias. À época, o mercado petroleiro avaliou que o prejuízo mínimo da BP Amoco não foi menor do que US$ 36 milhões.
Abandono. Antes de desistir da bacia, a British Petroleum operava em dois blocos. Em um deles (BFZ-2), a Petrobrás assumiu o projeto depois que a sócia decidiu deixar a exploração. Mais tarde, a estatal brasileira também optou por abandonar o bloco.
O outro bloco (BM-FZA-1) foi devolvido à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) em 1999 pela BP. No ano anterior, o bloco BFZ-1 já havia sido recuperado pela ANP, após a desistência da operadora Esso.
A Petrobrás também já enfrentou contratempos ao atuar no litoral do Amapá e nas imediações da Ilha de Marajó. Em 1998, 2003 e 2004 a principal petroleira nacional devolveu três blocos na Bacia da Foz do Amazonas à ANP, por não ter localizado jazidas relevantes de óleo e gás.
Desde o início da presença de petroleiras na região da bacia, já foram perfurados 93 poços, dos quais 60 pela Petrobrás e os demais por companhias internacionais.
Até agora, apenas em dois dos poços perfurados foram encontrados vestígios da presença de óleo e gás, no Campo de Pirapema (o primeiro da Bacia da Foz do Amazonas, descoberto em 1976), mas em quantidades consideradas insuficientes para comercialização.
Contratos de risco. A bacia foi também contemplada pelos contratos de risco assinados entre o governo militar e as petroleiras na segunda metade da década de 70. Em dezembro de 1976, a Petrobrás assinou com o consórcio Shell/Pecten/Enserch contrato para explorar uma área de 6.500 km2.
Um mês depois, a estatal firmou com a Elf Aquitane/AGIP contrato de exploração de 3.050 km2. Em fevereiro de 1979, o contrato foi a Hispanoil. Nenhuma das explorações resultou em produção de óleo e gás.