Título: Prioridade do BC é o combate à inflação, diz Tombini
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Fonte: O Estado de São Paulo, 25/02/2013, Economia, p. B6

Em entrevista ao "The Wall Street Journal", Tombini descarta uso do câmbio para ajudara conter a alta dos preços

NOVA YORK

A prioridade do Banco Central (BC) é combater a inflação, e não estimular o crescimento da economia. A afirmação é do pre­sidente da instituição, Alexan­dre Tombini, em entrevista ao The Wall Street Journal.

Tombini estános Estados Uni­dos para participar de reuniões com investidores. A agenda do presidente do BC previa uma vi­sita à redação do jornal america­no no sábado.

Hoje, além de encontrar inves­tidores, ele vai se reunir com o presidente e o vice-presidente executivo do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) de Nova York, William Dudley e Terren­ce Checki, respectivamente.

Para muitos analistas, as polí­ticas destinadas a estimular a economia e a conter a inflação criaram uma confusão no merca­do, levando o real a oscilar forte­mente nos últimos meses - da faixa de R$ 2 para R$ 2,12 em no­vembro passado, e, mais recente­mente, para R$ 1,95.

"A nossa meta é a inflação, en­tão temos de ajustar e calibrar as nossas políticas para cumprir as metas", disse Tombini. "O cres­cimento não é uma meta para o Banco Central."

O presidente da instituição também falou sobre a inflação, que nos 12 meses encerrados em janeiro chegou a 6,15%. O teto da meta estabelecida para o gover­no é de 6,50%.

"A inflação nos últimos meses mostrou mais resiliência do que gostaríamos que mostrasse", afirmou. "Nós estamos de olho nesses desdobramentos." Tombini afirmou que a infla­ção continuou teimosamente elevada por causa da elevação dos preços dos alimentos no ano passado e da acentuada desvalo­rização do real, que perdeu 10% ante o dólar em 2012. Ele acres­centou que não espera que a moe­da repita tal desempenho neste ano. "Eu não vejo o mercado con­duzindo o real nessa direção."

Nas últimas semanas, parte dos investidores passou a apostar em elevações da taxa básica de juros (Selic) em 2013 justa­mente para deter a alta dos pre­ços. Na terça e quarta-feira da semana que vem, o Comitê de Polí­tica Monetária (Copom) se reú­ne pela segunda vez no ano. Em janeiro, manteve a Selic inaltera­da em 7,25% ao ano, menor nível da história. Alguns poucos ava­liamque uma alta poderá ocor­rer já na semana que vem.

Em relação à chamada "guerra cambial", Tombini declarou que o Brasil tem problemas mais ur­gentes do que conter os fluxos de capital resultantes do afrou­xamento das políticas monetá­rias em outros lugares. "Eu não acho que essa seja uma guerra para o Brasil lutar no momen­to", disse.

O BC fez intervenções de mer­cadopara manter o dólar entre R$ 2 e R$ 2,10 durante boa parte da segunda metade de 2012. A queda recente da moeda ameri­cana levou alguns investidores a especular se o BC estaria usando o câmbio como ferramenta para ajudar a economia ase recuperar e para combater ainflação, o que foi descartado por Tombini.

"O câmbio não é instrumento nem para combater a inflação nempara sustentar o crescimen­to econômico."/

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