Título: MP investiga denúncias contra Chalita
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Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2013, Nacional, p. A8

O Ministério Público Esta­dual investiga denúncia de su­posto enriquecimento ilícito e fraudes com recursos públi­cos envolvendo o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB) na época em que ele ocupava o cargo de secretá­rio estadual da Educação no governo Geraldo Alckmin (PSDB).

As denúncias foram feitas pe­lo analista de sistemas Roberto Leandro Grobman, que alega ter prestado assessoria a Chalita em eventos, viagens e servi­ços de tecnologia na área educa­cional. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, o MP Esta­dual decidiu abrir 11 inquéritos para apurar eventuais irregula­ridades cometidas por Chalita a partir de quatro depoimentos prestado por Grobman. Ainda segundo o jornal, o advogado de Chalita, Alexandre de Mo­raes, pediu arquivamento dos inquéritos argumentando que o ex-colaborador não apresen­tou nenhuma prova que susten­tasse as acusações feitas con­tra o parlamentar.

Em um depoimento presta­do em 6 de fevereiro, Grobman afirma que o deputado, enquan­to chefe da pasta da Educação, comprou por aproximadamen­te R$ 4,5 milhões um aparta­mentona rua Rio de Janeiro, no bairro de Higienópolis. O di­nheiro teria sido desviado de um repasse de R$ 196 milhões no âmbito de acordo interna­cional firmado entre o Ministé­rio da Educação e Cultura (MEC), o Banco Interamerica­no de Desenvolvimento (BID) e o governo do Estado.

O relato foi tomado pelo pro­motor de Justiça Nadir de Cam­pos Junior, da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social, que abriu inquérito ci­vil para apurar o caso. A verba deveria ser gerenciada pela Fundação para o Desenvolvi­mento da Educação (FDE), vin­culada à Secretaria que Chalita dirigia, com a "necessidade de prestação de contas".

Grobman sustenta que "na execução do projeto teve co­nhecimento de que Chalita pac­tuou, sem a correspondente li­citação pública, com empresas particulares, associações co­mo a Pontifícia Universidade Católica (PUC) na qual (0 depu­tado) exercia o cargo de profes­sor".

Segundo a denúncia, o MEC acabou intervindo e reclamou esclarecimentos sobre os valo­res destinados à execução doiprograma. "(Chalita) chegou a encaminhar um funcionário a Brasília levando informações desconexas que tumultuaram os esclarecimentos solicita­dos".

Grobman afirma que o ex-se­cretário vendeu imóvel situa­do à rua Albuquerque Lins, no mesmo bairro, "por valor infe­rior ao da sua aquisição para o então secretário-adjunto da Educação Paulo Alexandre Bar­bosa (atual prefeito de Santos pelo PMDB)".

Ele conta que criou com o empresário Nilson Curti a em­presa Interactive Sistemas Edu­cacionais Ltda, em 1999. Cinco anos depois foi apresentado a Chalita pelo dono do Grupo COC, Chaim Zaher.

O Grupo SEB (Sistema Educacional Brasileiro), ex-deten­tor da marca COC, informou que jáp restout odos os esclarecimentos ao Ministério Públi­co e que "é o maior interessado em que sej a restabelecida a ver­dade dos fatos".

PMDB. O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), descartou ontem qualquer des­gaste político de Chalita no par­tido em função da investiga­ção. "Acredito nas declara­ções, na correção e na ética do Chalita. Essa denúncia não alte­ra um milímetro na disposição do partido de prestigiar Chali­ta", afirmou Cunha.

Ele reafirmou que indicará Chalita para presidir a Comis­são de Educação da Câmara. "O que couber ao PMDB, o que couber a mim, nada altera em função dessa tentativa de atin­gir a honra de Chalita."