Título: Tesouro pode bancar custo das térmicas
Autor: Scheller, Fernando ; Friedlander, David
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/02/2013, Economia, p. B5

O Tesouro Nacional poderá co­brir o impacto financeiro do cus­to adicional da energia das termoelétricas, garantindo que es­sas despesas não cheguem às tari­fas dos consumidores e à infla­ção, afirmaram duas fontes do governo a par do assunto.

O uso do Tesouro também anularia o comprometimento do fluxo de caixa das distribuido­ras de energia, que pagam pela geração termoelétrica e são res­sarcidas apenas depois, na oca­sião do reajuste anual tarifário.

A Associação Brasileira de Dis­tribuidores de Energia Elétrica (Abradee) estima que a conta pe­lo uso das térmicas de outubro passado a janeiro deste ano já totalizou cerca de R$ 4 bilhões - sendo R$ 1,5 bilhão apenas no mês passado.

Quase a totalidade da capaci­dade de geração térmica de ener­gia está sendo usada diante do baixo nível dos reservatórios.

Segundo uma das fontes, o cus­to das térmicas será pago com recursos da Conta de Desenvol­vimento Energético (CDE) - an­tigo tributo que passou recente­mente a ser uma espécie de en­cargo único para todos os subsí­dios ao setor. O Tesouro pode ter de emitir títulos da dívida pú­blica para injetar na CDE.

A opção por utilizar recursos públicos ocorre num momento em que a escalada dos preços preocupa.

O IPCA-15, prévia da inflação oficial, surpreendeu em feverei­ro ao registrar alta acima do espe­rado, ainda pressionado por ali­mentos. No acumulado em 12 meses, o índice subiu 6,18%.

A meta de inflação do governo é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.

Se o Tesouro absorver o custo das térmicas, os reajustes das ta­rifas das distribuidoras de ener­gia elétrica e seu impacto na inflação seriam atenuados neste ano e, principalmente, em 2014./ REUTERS