Título: Inflação recua com desconto na conta de luz
Autor: Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/02/2013, Economia, p. B10

Prévia da inflação oficial, IPCA-15 ficou em 0,68% em fevereiro, mas sem o abatimento na energia chegaria a 1,13%, o mais alto para o mês desde 2003

A prévia da inflação oficial registrou desaceleração na passagem de janeiro para fevereiro graças ao corte na tarifa de energia elétrica anunciado pelo governo. As contas de luz ficaram 13,45% mais baratas, uma contribuição negativa de 0,45 ponto porcentual para a taxa do índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15). A inflação medida pelo indicador passou de 0,88% em janeiro para 0,68% em fevereiro, informou o IBGE.

No entanto, os preços seguem pressionados. Os alimentos aumentaram 1,74%, enquanto as despesas com educação subiram 5,49%. Economistas preveem que o IPCA fechado de fevereiro também desacelere, mas a taxa em 12 meses deve seguir acima de 6%portodo oprimeiro semestre. Isso aumentou as apostas em aumento na taxa básica de juros ainda este ano.

Os contratos de juros fecharam em alta no mercado futuro. "$e o Banco Central quiser controlar a inflação, trazê-la de volta para a meta, vai ter que subir juros. A questão é se eles vão ter autonomia e coragem para subir o que é necessário. Eu desconfio que,não", afirmou o consultor Alexandre Schwartsman.

Sem a contribuição do barateamento das tarifas de energia elétrica, o IPCA-15 de fevereiro chegaria a 1,13%, o mais alto para o mês desde 2003, segundo cálculos das consultorias Tendências e LCA. "Esse alívio é uma falsa indicação de que (a inflação) está melhorando, mas o trimestre ainda vai acabar bastante pressionado", apontou Priscila Godoy, economista da Rosenberg & Associados.

Difusão. O índice de difusão, que mede o porcentual de itens com aumento de preços, permaneceu alto no mês, embora tenha desacelerado entre o indicador fechado de janeiro e a prévia de fevereiro, de 75,1% para 71%. O resultado "reforça que a dinâmica da inflação continua muito ruim", avaliou Alessandra Ribeiro, economista e sócia da Tendências Consultoria Integrada.

A Tendências revisou sua projeção para o IPCA fechado de fevereiro de 0,33% para 045%, motivada pelas altas de preços dos alimentos, que tiveram desaceleração menor do que a esperado entre o indicador fechado de janeiro (1,99%) e o IPCA-15 de fevereiro (1,74%).

Problemas climáticos prejudicaram as lavouras, causando forte aumenjo de preços no tomate, farinha de mandioca", cebola, cenoura, hortaliças e batata inglesa. Na avaliação de Alessandra, o cenário do começo de 2013 para a inflação aponta para uma antecipação de desonerações como a da cesta básica, em estudo pelo governo, o que eqüivaleria a uma redução de 0,35 ponto porcentual 110 IPCA do ano.

Os reajustes do início do ano letivo causaram um impacto de 0,24. ponto porcentual na inflação do mês. Outros itens que pesaram foram a gasolina, automóvel novo, cigarros, artigos de higiene pessoal, eletrodomésticos, empregado doméstico e aluguel.