Título: Lindbergh assume comissão econômica e reafirma candidatura
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2013, Nacional, p. A4

No momento em que o PMDB exige apoio do PT no Rio, senador petista foi eleito para um dos cargos mais influentes da Casa

Depois de ser escalado pelo PT para protagonizar os programas partidários nas TVs e rádios flu­minenses, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) ganhou mais um endosso de seu partido. Ele foi o escolhido pelos petistas - e chancelado ontem por votação - para presidir a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), uma das mais importantes do Senado.

O cargo servirá como podero­sa vitrine para impulsionar sua candidatura ao governo do Rio, acirrando os ânimos do aliado PMDB, que no Estado exige o apoio dos petistas ao vice-governador Luiz Fernando Pezão.

"Não vejo uma relação direta (entre a candidatura e a presidên­cia da CAE) mas é claro que se eu fizer um bom trabalho isso sempre vai ajudar", avaliou Lindbergh.

O petista disse que quer à frente da comissão priorizar as questões federativas, como a unificação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), a renegocia­ção das dívidas dos Estados e municípios e a adoção de novos critérios para a repartição dos recursos do Fundo de Participa­ção dos Estados (FPE).

Lindbergh assume o coman­do da comissão que lhe atrairá holofotes justamente no mo­mento em que o PMDB do Rio exige que o PT não lance nome próprio para concorrer ao Palá­cio da Guanabara. Em nota divul­gada anteontem e assinada pelo presidente do diretório esta­dual, Jorge Picciani, os peemedebistas ameaçam não apoiar a ree­leição da presidente Dilma Rous­seff caso o senador não desista de se candidatar.

O petista reagiu dizendo se tra­tar de uma "demonstração de fra­queza" e um "ato de desespero" dos aliados. Lindbergh afirma que não há hipótese de não se candidatar no ano que vem.

"Jovem". O ataque do PMDB ra­tifica o objetivo do partido de se fortalecer, retomar o espaço per­dido e priorizar as candidaturas próprias em ao menos 20 Esta­dos do Brasil. O presidente na­cional da legenda, o senador Val­dir Raupp (RO), disse ontem que Lindbergh "é jovem e pode esperar (para concorrer ao gover­no do Estado)".

"Já abri mão na eleição passa­da para que o Sergio Cabral pu­desse concorrer, chegou a mi­nha vez", reagiu o petista. "Não sou mais garoto, tenho 43 anos." Lindbergh acredita que é "impos­sível" que Dilma e o ex-presiden­te Luiz Inácio Lula da Silva pe­çam para que recue da disputa em 2014.

Lula e Cabral. Depois de apoiar a nota do PMDB do Rio que exi­giu apoio do PT a seu vice, Pezão, o governador Sérgio Cabral terá hoje um encontro com o ex-pre­sidente Lula. Os peemedebistas ameaçam retirar o apoio à reelei­ção da presidente Dilma Rous­seff caso Lindbergh não desista da disputa. Lula, que até o mo­mento tem apoiado as preten­sões do senador petista, participará de solenidade no Rio ao la­do de Cabral. Também deve jan­tar com o governador e com o prefeito Eduardo Paes (PMDB).

"Tomara que (o encontro de Lu­la e Cabral) faça o PT respeitar a isonomia. Entendemos que a reeleição da presidente Dilma é o melhor para o Brasil, assim co­mo a continuidade da política do governador Cabral é o melhor pa­ra o Rio, com a eleição do Pezão e a manutenção da aliança com o PT. Sem isso, não tem acordo e vamos esperar a convenção na­cional do PMDB", disse ontem o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciani.

"O Rio é a principal seção do PMDB, temos o governador e o prefeito da capital", afirmou o dirigente peemedebista. / COLABOROU LUCIANA NUNES LEAL