Título: Taxa de desemprego sobe, mas é a menor registrada em janeiro
Autor: Nunes, Fernanda ; Amorim, Daniela
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/02/2013, Economia, p. B4

Taxa avança de 4,6% em dezembro para 5,4% em janeiro; analista vê perda de fôlego para o mercado de trabalho

A taxa de desemprego subiu de 4,6% em dezembro para 5,4% em janeiro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O movimento é compatível com a dispensa de trabalhadores temporários característica dessa época do ano, mas analistas também veem uma tendência de acomodação no mercado de trabalho.

O resultado de janeiro atingiu o menor nível de desemprego para o mês desde o início da série histórica da pesquisa, em 2002. No entanto, descontados os ajustes sazonais, a taxa de desocupação ficou estável em relação a dezembro, em 5,6%, segundo cálculos da Tendências Consultoria Integrada.

"A Pesquisa Mensal de Emprego de janeiro deu sinais mais claros de que o mercado de trabalho tem perdido fôlego, como já se observa nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho)", apontou Rafael Bacciotti, economista da Ten Demissões. Apesar da projeção de aceleração da economia este ano, não há espaço para que o desemprego tenha redução expressiva, na avaliação de Flávio Combat, economista-chefe da corretora Concórdia. As razões seriam o elevado custo de demissão de empregados, a dificuldade de contratar mão de obra especializada e a própria expectativa por um Produto Interno Bruto (PIB) maior. "Em conjunto, esses fatores foram determinantes para frear as demissões em 2012, mas, por outro lado, devem limitar a demanda por mão de obra nesse ano", avalia Combat .

Na região metropolitana de São Paulo, a taxa de desemprego aumentou para 6,4% em janeiro de 2013, acima do patamar de janeiro de 2012 (5,5%). O gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, explica que São Paulo já dispensou os trabalhadores temporários. "A região não tem apelo turístico e de férias, então o que tiver de dispensar vai ser logo em janeiro", contou Azeredo, citando que regiões com forte apelo do turismo e do carnaval, como o Rio de Janeiro, retêm os temporários por mais tempo.

Entretanto, o fato de ter aumentado o total de desocupados em São Paulo em relação a janeiro do ano passado, apesar do avanço na população ocupada, significa que a região não teve fôlego para absorver o maior número de pessoas em busca de emprego. "Por mais que a ocupação estivesse aumentando, ela não deu conta de absorver o aumento da demanda que teve lá", disse Azeredo.

Afalta de dinamismo na indústria pode estar por trás dessa incapacidade de gerar empregos suficientes para suprir o aumento na demanda, disparou José Márcio Camargo, professor de economia da PUC-Rio e economista-chefe da Opus Investimentos. "A economia paulista não está sendo capaz de gerar empregos suficientes para atender à demanda e, a meu ver, a

razão para issó é exatamente o fato de que o setor industrial tem gerado pouco emprego. Em São Paulo, a atividade econômica é o setor industrial", disse Camargo.

A região metropolitana de São Paulo responde por 42% da força de trabalho ocupada nas regiões pesquisadas pelo IBGE, além de 5°9ó do total de desocupados. "Outra interpretação sobre os dados de São Paulo é que o pessoal temporário de dezembro ficou animado com o mercado e continuou procurando emprego em janeiro. Isso explicaria o aumento da população economica-. mente ativa na região metropolitana", disse Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas.

A indústria foi o destaque positivo na pesquisa de janeiro, com 55 mil vagas a mais no País em relação a dezembro, e 79 mil postos criados na comparação com janeiro de 2012.

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