Título: Polícia troca raciocinar por assassinar em transcrição
Autor: Lima, Julio Cesar
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2013, Vida, p. A17

A Polícia Civil cometeu um erro na transcrição de uma escuta te­lefônica anexada ao inquérito po­licial que resultou na prisão da médica Virgínia Soares de Sou­za, chefe da UTI do Hospital Evangélico, em Curitiba, acusa­da de induzir a morte de pacien­tes. A palavra "raciocinar" foi transcrita como "assassinar" no documento, ao qual o Estado te­ve acesso.

Virgínia foi presa no dia 19, acu­sada de homicídio qualificado. O advogado de defesa, Elias Mattar Assad, apontou o erro como um dos fatos que "fizeram dife­rença e provocaram a prisão tem­porária e em seguida, preventi­va" de sua cliente. "Podemos afir­mar que esse erro foi o marco inicial do processo de demonização dela", disse.

No texto transcrito de uma conversa gravada pela polícia às 15h29 do dia 24 de janeiro, entre a médica e outra pessoa de nome Rodolfo, Virgínia teria dito: "Nós estamos com a cabeça bem tranquila pra raciocinar, pra tu­do, né". Mas na transcrição do diálogo, ela diz "assassinar" em vez de raciocinar.

A Polícia Civil informou por meio de nota que "em meio aos autos há uma corrigenda substituindo o verbo "assassinar" por "raciocinar"". A correção teria sido feita no sába­do passado.

A delegada do Núcleo de Re­pressão aos Crimes Contra a Saú­de (Nucrisa) Paula Brisola man­teve o silêncio sobre o caso e rea­firmou que falará sobre o assun­to somente depois de conversar com os familiares de Ivo Spitzner, Paulo José da Silva, Pedro Henrique Nascimento, André Luis Faustino e Luiz Antônio Propst, que morreram entre os dias 24 e 28 de janeiro deste ano na UTI do hospital.