Título: Para FGV, produção industrial deve cair em fevereiro
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Fonte: O Estado de São Paulo, 01/03/2013, Economia, p. B3

Sondagem industrial da instituição apura enfraquecimento dos indicadores de expectativas do setor

Depois de sinais positivos na virada do ano e no mês de janeiro, a indústria nacional viveu em fevereiro um arrefecimento, que aponta para um ritmo ainda "muito fraco" de crescimento. É o que mostram os resultados da Sondagem da Indústria de Transformação divulgados ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Para o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), Aloísio Campeio, os resultados indicam até uma possível queda na produção industrial em fevereiro. O crescimento no primeiro trimestre, avalia, continuará num nível positivo, mas o ritmo de expansão e também de investimentos certamente será afetado pelos resultados de fevereiro.

Do primeiro mês do ano para o segundo, o índice de Situação Atual (ISA), que compõe o índice de Confiança da Indústria (ICI), caiu 1,0%, puxado, principalmente, pela avaliação dos empresários com relação à demanda - interna e externa. O nível de utilização da capacidade também recuou. Em janeiro, o Nuci havia subido para 84,496, mas recuou novamente para 84,1% em fevereiro, mesmo patamar apurado em dezembro de 2012.

"As sinalizações para a produção são fracas para fevereiro, com ISA e Nuci em queda. Pode sinalizar um resultado mais próximo a zero ou até realmente uma queda", disse Campeio, na divulgação dos resultados da pesquisa sobre a confiança na indústria.

Por setores. Dos 14 gêneros analisados pela FGV para o estudo, apenas 4 tiveram uma evolução positiva na confiança em fevereiro, o menor número desde agosto de 2011. O economista considera os resultados de fevereiro como uma "calibragem" no ritmo de expansão.

Do ponto de vista da situação atual, de janeiro para fevereiro, o nível de demanda caiu 2,6%. "A piora na demanda interna de fevereiro é mais forte do que a alta de janeiro. Já o movimento de queda da demanda externa foi afetado pelo câmbio um pouquinho mais valorizado", comentou Campeio.

No lado das expectativas, a alta no indicador reflete as perspectivas do empresariado no prazo de seis meses. A curtíssimo prazo, as notícias de fevereiro não são as melhores. A produção prevista para três meses - que inclui o mês da pesquisa - caiu 0,3% na margem. "Há algum arrefecimento no ritmo de produção prevista, mas a tendência é de recuperação gradual."