Título: Valorização deve continuar, diz consultoria
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/03/2013, Economia, p. B1

Os preços das terras agrícolas do País tendem a continuar com valorização superior à inflação, pre­vê o diretor técnico da consulto­ria Informa Economics/ FNP, Jo­sé Vicente Ferraz. Ele tem dúvi­das, no entanto, se o ritmo de alta dos últimos dez anos será mantido. "Existe um limite de preços da terra que pode inviabi­lizar a produção agrícola."

De qualquer forma, três fatores, na avaliação do especialista, sustentam a perspectiva de con­tinuidade de valorização desse ativo. O primeiro fator é que a oferta de terra é finita. Esse as­pecto ganhou força especialmen­te com a legislação mais rigorosa sobre desmatamento que res­tringe o uso do solo.

Por outro lado, a perspectiva é de que a demanda por produtos agrícolas aumente vigorosamene, puxada pelo consumo de ali­mentos em países relativamente pobres. A população desses países está ganhando renda e come­ça a se alimentar melhor. Nesse rol, estão os mais populosos e que enfrentam dificuldades de produção: China e Índia.

O terceiro fator que contribui para avalorização das terras brasileiras, segundo Ferraz, é que poucos países têm estoque de terras em condições de produzir com ganhos de produtividade, como o Brasil. "As projeções pa­ra o agronegócio são fantásticas. Isso faz com que as terras brasi­leiras valorizem", observa.

Recentemente, esse cenário favorável tem atraído para compra de terras destinadas ao agronegócio não apenas agricultores e pecuaristas, mas também fun­dos de investimentos. "Hoje, os fundos respondem por 30% da procura por terras", conta Atílio Benedini, dono da Benedini Imó­veis, tradicional imobiliária de Ribeirão Preto (SP). Ele explica que os fundos procuram terras em áreas de fronteira agrícola.

Segundo o corretor, existem grupos de investidores, sem liga­ção com o agronegócio, que se reúnem e compram terras para arrendar. Eles recebem um porcentual que gira em torno de 5% ao ano da renda da terra e mais 5% da valorização do ativo. "É um grande negócio." /m.c.