Título: PMDB quer Temer oficializado na vaga de vice de Dilma já
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2013, Nacional, p. A8

Presidente vai hoje à convenção do partido, que espera um sinal claro sobre a aliança para a sucessão presidencial do ano que vem

O PMDB realiza hoje sua convenção nacional em Brasília com a expectativa de que a presidente Dilma Rousseff reforce publicamente, no evento, que a aliança nacional entre ela e o vice-presidente Michel Temer será repetida na eleição presidencial de 2014. A intenção dos peemedebistas é afastar os rumores sobre uma possível chapa de Dilma com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

A polêmica do dia ficará a cargo do presidente da executiva estadual do Rio de Janeiro, Jorge Picciani. Ele vai ler uma nota pedindo que não haja palanque duplo no Rio - ou seja, que Dilma apoie pará governador o nome do PMDB, o vice-governador Luiz Fernando Pezão. O que o PMDB quer é marcar posição diante das afirmações do senador Lindbergh Farias (PT-RJ) de que disputará a sucessão de Sérgio Gabral.

Aideia inicial era fazer o pedido em formato de moção, que exige aprovação porméio de votos. Para evitar rusgas com o PT, no entanto, Picciani foi convencido a apenas discursar sobre o assunto, e só depois de Dilma ter deixado o local. O presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), afirmou que a convenção será "uma demonstração de força e de unidade do PMDB para todo Brasil".

O presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), acrescentou que o tom do encontro será o de reforçar as candidaturas próprias do partido em todos os Estados e cidades que dispuserem de candidatos aptos a disputar com chances de vencer ou não.

Raupp disse ainda que a eleição para escolher os membros do diretório e da executiva não deve trazer surpresas: o quadro atual deve ser reconduzido. Mantendo o vice-presidente da República, Michel Temer, na presidência da legenda (licenciado), Raupp como primeiro-vice-presidente, a deputada federal Íris Araújo (GO) como segunda-vice e o senador Romero Jucá (RR) como terceiro-vice. Também há um acordo para aprovar a mudança do estatuto do partido e permitir que governadores e ministros possam ocupar cargos de direção na legenda.

Inaugurações. Tendo como pano de fundo, no Rio, uma crise entre PMDB e PT, a presidente Dilma Rousseff e o governador peemedebista Sérgio Cabral participaram juntos de três inaugurações e entraram no clima de comemoração dos dez anos dos pe-tistas no poder. Em discursos, os dois destacaram a recuperação de estatais que, segundo disseram, estavam praticamente paralisadas nos anos 1990 - entre elas a Nuclebrás Equipamentos Pesados (Nuclep).

Eles exaltaram também a parceria entre os governos federal, estadual e municipal como ponto fundamental para a recuperação do Estado e da capital. "Na Nuclep mostramos que era possível construir, com mãos, cérebros e vontade, todo esse empreendimento (...)", que mostra "a pujança da capacidade brasileira", disse Dilma de manhã, ao inaugurar a Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), parte do complexo industrial da Marinha de construção de submarinos, em Itaguaí.

Cabral a elogiou, pela recuperação do estaleiro Verolme: "A senhora e o presidente Lula mudaram a história do conceito de desenvolvimento nacional".

À tarde, a presidente inaugurou um hospital municipal na Ilha do Governador e à noite, o Museu de Arte do Rio (MAR), na zona portuária. Dilma e Cabral almoçaram na residência oficial do prefeito Eduardo Paes (PMDB), na Gávea Pequena. Mais cedo, ela havia se referido a o governador do Rio como "grande parceiro do governo federal". Antes, chamou de "querido" o vice-governador Luiz Fernando Pezão, nome do PMDB à sucessão de Cabral.

A crise PMDB-PT continuou ontem. Depois de o presidente do PMDB-RJ, Jorge Picciaiii,ter chamado o rival petistav Lindbergh Farias de "calhorda", este começou1 ontem uma versão estadual das caravanas da cidadania, lideradas por Lula. Sua primeira visita foi a Japeri, na Baixada Fluminense. Alio, Lindbergh Farias disse ser "zero" a chance de desistir de disputar a sucessão de Sergio Cabral. / COLABORARAM LUCIANA NUNES LEAL e ANTONIO PITA