Título: No Planalto, discurso centrado no desempenho de 2013
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2013, Economia, p. B1

Avaliações de Mantega, Tombini e Temer vão na mesma linha: o que importa é que a economia vai se recuperar este ano.

O governo avaliou de forma sóbria o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado e ressaltou as perspectivas de que o desempenho será melhor neste ano. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o vice- presidente da República, Michel Temer, prometeram que a economia vai se recuperar neste ano, enquanto o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, assegurou que "o atual ciclo de crescimento tende a continuar nos próximos anos".

"O crescimento ficou abaixo das expectativas, mas houve aceleração da atividade ao longo do ano", afirmou Mantega. "O importante é esse movimento da economia, estamos acelerando de forma gradual. Já temos dados dos primeiros meses de 2013, e essa trajetória está se mantendo." Segundo Mantega, o crescimento de 0,9% do PIB no ano passado foi "fraco" e "inevitável" diante dos impactos da crise financeira internacional.

O mesmo tom foi adotado por Temer. "Vamos compreender a situação internacional que naturalmente teve sua repercussão em nosso País", afirmou. "Acho que isso é um pré-anúncio de um PIB muitíssimo mais elevado para este ano."

A similaridade nas declarações não foi coincidência. Segundo fontes do governo, foi determinação do Planalto abordar o tema com o mesmo discurso: o fraco resultado do PIB de 2012 representa um passado distante, enquanto 2013 será bem melhor. Segundo essa avaliação, os dados deste ano são animadores, porque o primeiro trimestre ajudará a puxar o desempenho do PIB, mesmo que nos próximos meses ocorram problemas ou a crise volte a dar sinais.

Em linha com esta abordagem, o presidente do BC ressaltou os números positivos da Formação Bruta de Capital Fixo (FB- CF), o índice que representa a taxa de investimentos na economia brasileira. "É importante destacar a retomada dos investimentos no quarto trimestre, bem como a tendência de que sejam impulsionados pelos estímulos introduzidos na economia e pelas perspectivas de que o ritmo de crescimento em 2013 será bem superior ao observado em 2012", afirmou, em nota.

No Rio, a presidente Dilma ; Rousseff preferiu, de certa forma, ignorar o assunto PIB. A presidente participou de três eventos, fez breves discursos, reiterou sua classificação do Brasil como um país de classe média, mas ignorou totalmente o saldo do crescimento econômico de 2012 revelado pelo IBGE em seus pronunciamentos.

No Ceará, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também não quis comentar o pequeno crescimento do PIB em 2012. Lula evitou de todas maneiras o contato com a imprensa em Redenção, onde recebeu o seu 13.º título Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab). Em seu discurso de agradecimento, fez breve referência ao PIB brasileiro, mas dando destaque ao acumulado dos dez anos da administração petista. / João Villaverde, Débora Bergamasco, Tânia Monteiro e Lauriberto Braga. Especial para o Estado.