Título: PIB tem pior resultado desde 2009 e indica recuperação em ritmo lento
Autor: Dantas, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2013, Economia, p. B1

O PIB brasileiro cresceu apenas 0,9% em 2012, pior resultado desde a crise global em 2009. O desempenho no ano passado foi puxado para baixo pela indústria, que recuou 0,8%, e pela agropecuária, que caiu 2,3%.

Os investimentos levaram um tombo de 4%, com uma queda de 9,1% na absorção de máquinas e equipamentos pela economia nacional. A taxa de investimentos ficou em 18,1% do PIB, caindo pelo terceiro ano seguido, e muito distante da meta do Plano Brasil Maior de 22,4% para 2014.

No biênio inicial do governo Dilma Rousseff, o PIB cresceu em média 1,8%, o pior resultado para a primeira metade de um mandato presidencial desde o governo de Fernando Collor de Melo, no início da década de 90.

A renda per capita brasileira em 2012 foi de R$ 22.402, praticamente estável em relação a 2011.

No governo Dilma, o crescimento médio anual da renda per capita foi de 0,9%, ante média de 2,5% dos últimos dez anos.

O governo, que já esperava o mau desempenho da economia em, 2012, descarta novas medidas emergenciais e pacotes de estímulos para aquecer a demanda. A visão é de que o PIB está absorvendo aos poucos as novas condições de juros baixos e estímulos, como a desoneração da folha de pagamentos, e que o quarto trimestre de 2012 já apresentou sinais positivos.

E, de fato, há algumas boas notícias no quarto trimestre, mesmo que o crescimento de 0,6% (2,2% em termos anualizados) ante o trimestre anterior, na série livre de influências sazonais, tenha ficado abaixo da média das projeções, de 0,8%.

Os investimentos, comparados ao trimestre anterior, na série dessazonalizada, cresceram 0,5% (1,9% anualizado) no quarto trimestre, após quatro quedas consecutivas no mesmo tipo de comparação. Já os serviços, que preocuparam no terceiro trimestre, com crescimento zero ante o segundo, reaceleraram no quarto para 1,1% ante o trimestre anterior (4,4% anualizados).

O consumo das famílias, por sua vez, teve alta de 1,2% (4,7% anualizados) no último trimestre, em relação aos três meses anteriores, melhor resultado desde o último trimestre de 2010. 0 consumo das famílias cresceu 3,1% em 2011, nono ano seguido de expansão. Ante o mesmo período de 2011, o PIB do quarto trimestre teve alta de 1,4%.

O resultado do quarto trimestre indica uma economia em recuperação em ritmo moderado.

Os números do último trimestre não devem alterar significativamente o intervalo de projeções de crescimento em 2013, que hoje se concentram entre 2,5% e 4%, com média de 3,1%.

“A recuperação está em curso, e parece que o pior passou”, comentou o economista Fernando Rocha, sócio da gestora de recursos JGP, que em princípio mantém sua projeção de crescimento de 3% em 2013, após os resultados do quarto trimestre.

Já o economista Affonso Celso Pastore acha que revisão para baixo realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no crescimento do terceiro trimestre de 2012 torna, por questões estatísticas, mais difícil que o PIB alcance o crescimento de 3% em 2013.