Título: Déficit comercial em fevereiro é o pior em duas décadas
Autor: Veríssimo, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/03/2013, Economia, p. B10

Resultado de US$ 1,28 bi foi atribuído em parte a operações da Petrobras de 2012 que foram registradas agora.

A queda nas vendas externas e o aumento nas importações de combustíveis fizeram a balança comercial registrar, pelo segundo mês consecutivo, o pior desempenho em mais de duas décadas, em fevereiro. O déficit comercial atingiu US$ 1,28 bilhão, com um tombo de 8,9% nas exportações e um aumento de 8,8% nas importações. O governo atribuiu o desempenho à crise financeira internacional e às operações da Petrobras de 2012 que só foram registradas agora.

"Ainda vivemos um momento de crise. As exportações de todas as categorias caem para todos os mercados", disse a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Tatiana Prazeres.

As exportações somaram US$ 15,55 bilhões e as compras brasileiras de produtos no exterior foram de US$ 16,83 bilhões. Nos dois primeiros meses do ano, o déficit acumulado bateu em US$ 5,31 bilhões. A secretária afirmou que "é possível" um resultado negativo em março.

Segundo a secretária, a paralisação dos portuários no dia 22, em protesto por mudanças na MP dos Portos, não significou prejuízo. "O impacto de um dia de atraso é de US$ 328 milhões nas exportações e de US$ 285 milhões nas importações", disse.

Combustíveis. A importação de combustíveis e lubrificantes subiu 37,5% no mês passado, em relação a fevereiro de 2012. Por outro lado, as exportações de óleo combustível caíram 73% no mês passado e de petróleo, 52,3% no primeiro bimestre deste ano. Segundo Tatiana, excluindo esses dois itens da balança, as exportações em 2013 teriam crescido 1,4%.

Os dados estão inflados por operações feitas pela Petrobras em 2012, mas que somente agora estão sendo registradas. Em fevereiro, elas somaram US$ 860 milhões de um total de importações de petróleo e derivados em fevereiro de US$ 3,1 bilhões. Tatiana disse que ainda há US$ 2 bilhões de importações realizadas em 2012 que serão registradas em março e abril.

A secretária do Mdic estima que as vendas externas este ano continuarão no mesmo patamar dos dois últimos anos. "Este ano, elas estão acima de 2011 e abaixo de 2012", destacou. "Chamo a atenção para a recuperação do preço de minério de ferro, para uma safra bastante positiva de milho e soja, e para a recuperação da economia americana. Também há diversificação dos mercados para nossas exportações", declarou.

Parceiros. As vendas externas brasileiras para a China no primeiro bimestre deste ano caíram 1,9%, apesar de terem crescido 2,1% para a Ásia. Tatiana explicou que houve queda nas exportações de soja e petróleo para a China. Em 2012,"houve antecipação de embarques de soja, o que não, ocorreu este ano.

Também houve retração no bimestre das exportações do Brasil para a Argentina, de 12,1%. Isso porque, em fevereiro de 2012, houve venda de energia elétrica para o país vizinho. Segundo Tatiana, excluindo as exportações de energia, a queda seria de 4,2%. Para os Estados Unidos, as vendas do Brasil caíram 22,5% nos primeiros dois meses do ano, por conta de petróleo e produtos siderúrgicos.

Começo ruim

US$ 15,55 bi é a soma das exportações de janeiro e fevereiro.

US$ 5,31 bi é o déficit acumulado no período.