Título: Superávit primário é o maior desde 2001
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Fonte: O Estado de São Paulo, 28/02/2013, Economia, p. B3

A economia feita pelo setor publico para o pagamento de juros da dívida bateu recorde em janeiro. O superávit primário feito no primeiro mês de 2013 foi de R$ 30,3 bilhões - segundo o Banco Central, maior valor da série iniciada em 2001. Apesar do bom resultado, a avaliação de especialistas é que os números do mês passado não representam uma tendência para este ano.

O próprio Ministério da Fazenda não se comprometeu com o cumprimento da meta sem descontos em 2013.0 BC, no entanto, continua contando com essa economia para ajudar no combate à inflação, o que adiaria a necessidade de aumentar a taxa básica de juros (Selic).

O superávit primário de janeiro eqüivale a quase um quinto da meta de R$ 155,9 bilhões para 2013.0 porcentual é praticamente igual ao verificado no mesmo período de 2012, ano em que o governo teve de recorrer a artifícios contábeis para alcançar o objetivo fixado em lei.

O dado do mês passado está relacionado, principalmente, a uma arrecadação recorde e ao atraso na aprovação do Orçamento, o que ajudou a segurar gastos do governo federal.

"O resultado foi muito bom para o primeiro mês do ano. O desempenho anunciado ontem pelo Tesouro Nacional repercutiu um aumento significativo das receitas", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel. Ele afirmou ainda que a reação esperada para a atividade econômica ao longo do ano faz com que a perspectiva seja de um cenário mais favorável em termos fiscais.

Apostas. Não é esse, no entanto, o quadro traçado por analistas do mercado financeiro. O consenso dos departamentos econômicos é o de que o governo não conseguirá cumprir sua meta integralmente em 2013. Alguns profissionais enfatizaram que o saldo de janeiro foi extraordinário e não representa uma tendencia para o ano. Além disso, citam que os sinais de retomada da economia são tímidos e preveem que os cofres do governo sentirão os reflexos das desonerações tributárias iniciadas em 2012, ainda em vigor.

O prognóstico do economista-chefe do Votorantim Wealth Management, Fernando Fix, por exemplo, é de um resultado fiscal de aproximadamente 2,1% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, o equivalente a R$102 bilhões. Fix levou em conta a decisão do governo de abater da meta R$ 20 bilhões em desonerações, anunciada no início deste mês, além de R$ 25 bilhões com gastos do PAC.

Pelos cálculos do economista, essas reduções atingiriam algo em torno de 1,8% do PIB. "Não achamos que o governo vá usar toda essa gordura, mas isso é até onde pode chegar", considerou.

Já o economista da MCM Consultores, Marcos Fatinatti, prevê que o superávit de fevereiro fique bem menor, entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. Para o fim do ano, Fatinatti projeta um resultado de R$ 112 bilhões ou 2,3% do PIB. "Não será tão ruim se atingirmos esse valor sem malabarismos (contábeis), pois ele é suficiente para diminuir a dívida em relação ao PIB."