Título: Popularização da imagem de Dilma vira estratégia central do projeto de reeleição
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/03/2013, Nacional, p. A4

Com a campanha eleitoral antecipada por seu próprio partido e diante de conflitos na base aliada por conta das aspirações políticas do PSB, a presidente Dilma Rousseff intensificou a estratégia de comunicação das ações do governo e já colocou em prática um novo estilo para se mostrar mais popular e menos "tecnocrata".

Apresidente foi aconselhada a fazer mudanças pelo marqueteiro João Santana, responsável pela campanha de 2010 e que atuará em 2014. Ela segue agora o modelo criado pelo antecessor Luiz Inácio Lula da Silva e inicia uma série de entrevistas a rádios regionais para "vender" as obras de sua administração. Ontem, Dilma concedeu entrevista a duas rádios da Paraíba, retransmitida por mais de 30 emissoras locais, um dia após ter visitado o Estado. A última entrevista de Dilma para rádios havia sido em 16 de fevereiro do ano passado.

Além da estratégia de comunicação, Dilma também se aproxima dos movimentos sociais e aposta em pacotes de bondades para marcar sua gestão e reforçar o slogan "O fim da miséria é só um começo", criado por João Santana e divulgado na festa de 33 anos do PT, na qual Lula lançou a sucessora à reeleição.

Em cerimônia marcada para hoje, por exemplo, Dilma vai anunciar pelo menos mais R$ 16 bilhões para saneamento básico. A solenidade, no Palácio do Planalto, contará com 24 governadores, 18 prefeitos de capitais e 55 prefeitos de cidades com mais de 250 mil habitantes. O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, provável adversário de Dilma na disputa de 2014, é esperado na cerimônia.

O novo pacote de Dilma integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e prevê recursos não só para saneamento, mas também para mobilidade urbana e pavimentação - itens que aparecem como queixas dos eleitores em todas as pesquisas.

Sindicatos. Depois de dizer, em João Pessoa (PB), que se pode "fazer o diabo" em eleição, Dilma vai se reunir, ainda hoje, com presidentes de centrais sindicais, seguindo outra recomendação de Lula para alavancar sua campanha.

Apetista sempre foi avessa ao "varejo" da política, mas, em conversas reservadas, o ex-presidente a aconselhou não apenas a atender reivindicações de movimentos sociais e centrais sindicais como a dar mais entrevistas para rádios regionais, fazer parcerias com prefeitos e governadores e levar parlamentares da base aliada em suas viagens.

Pesquisas. O marqueteiro João Santana já encomendou pesquisas de intenção de voto para medir a popularidade de quatro pré-candidatos "rivais" de Dilma. Além da presidente, estão incluídos na sondagem Eduardo Campos, o senador Aé-cioNeves (PSDB), o ex-governador José Serra (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva, fundadora da Rede Sustentabilidade.

Com fama de "durona" e conhecida por usar termos técnicos, apresidente também tem caprichado no repertório mais popular, em busca da reeleição. Em João Pessoa (PB), na segunda-feira, ela falou em "cervejinha" e confessou adorar elogios dos eleitores. "Eu quero dizer para " vocês uma coisa: fico muito feliz quando eu passo na rua e o pessoal diz assim: "Ói ela!""

No Planalto, porém, auxiliares de Dilma afirmam que ela não quer antecipar o fim do mandato e que suas declarações, muitas vezes, são mal interpretadas.

Dizem, por exemplo, que ela ficou "muito contrariada" ao ler nos jornais que não havia deixado clara a intenção de reeditar a dobradinha com o vice Michel Temer, em 2014, ao participar da convenção do PMDB.

"Achamos que a declaração (da presidente Dilma) foi de bom tamanho. Ela citou o nome do Temer 12 vezes. Se falasse mais um pouco, seria crime eleitoral", disse o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).

• Enturmada DILMA ROUSSEFF

PRESIDENTE DA REPUBLICA "Eu quero dizer para vocês uma coisa: eu fico muito feliz quando eu passo na rua e o pessoal diz assim: "Ói ela!""