Título: Para analistas, candidatos já estão definidos
Autor: Lameirinhas, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2013, Internacional, p. A8

Ao nomear Nicolás Maduro seu sucessor, Hugo Chávez fez com que seus partidários superassem divisões internas, o que unificou os chavistas em torno de um úni­co nome para disputar as elei­ções presidenciais convocadas em razão da ausência do líder. Em resposta, a oposição tam­bém tenta evitar fragmentações.

Analistas concordam que não haverá surpresas quanto aos can­didatos à presidência. A indica­ção de Chávez é "incontestável" e o resultado obtido por Henri­que Capriles na disputa presiden­cial de outubro - quase 45% dos votos - garantem que ele seja o candidato "lógico" da oposição.

"Em todo movimento político há tensões, lutas, disputas - por­que, senão, isso não seria políti­ca. No entanto, com a morte de Chávez, é como se houvesse mor­rido o pai da família. Todos os irmãos, ainda que estejam briga- dos, sej untam e a família fica uni­da. Como o presidente teve a in­teligência de, antes de se subme­ter à última cirurgia, pedir votos para Maduro, deixou tudo muito claro para os chavistas", disse o cientista político Oscar Reyes, consultor da oficialista VTV.

Para o diretor do instituto Datanálisis, Luis Vicente León, os mais de 6,5 milhões devotos obti­dos por Capriles na última elei­ção presidencial o tornam o mais provável candidato da opo­sição. León lembrou que, entre os antichavistas, ele tem 72% de apoio. "Seria irreal se ele não fosse o candidato", disse.

Reyes alertou, porém, que Ca­priles teria de mudar seu discur­so. "Entre os venezuelanos, nem ricos nem pobres querem um pa­cote neoliberal", disse Reyes, su­gerindo que o opositor deveria apresentar um programa social- democrata. "Seja quem for, o vencedor não terá como evitar três questões: o combate à violência, a dependência do petróleo e o for­talecimento da indústria."

O cientista político Sadio Garavini di Turno, da Universidade Central da Venezuela, vê outro problema em comum entre cha­vistas e opositores. Para ele, a união que ambos os lados ten­tam consolidar internamente tende a se dissipar durante o go­verno. Ele afirmou que, graças ao apelo emocional da morte de Chávez, Maduro tem uma "clara vantagem" na disputa.