Título: Importação cresce e expõe a perda de competitividade
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/03/2013, Economia, p. B2

Em 2012, a partici­pação dos produ­tos importados no mercado brasilei­ro atingiu o recor­de de 21,6% - ou 2,1 pontos porcentuais acima de 2011, segundo a publicação Coeficientes de Abertura Co­mercial da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas o maior pro­blema não está na importação, e, sim, na fragilidade das exportações de manufaturados, dada a baixa competitividade da indústria brasileira. A CNI não ignora o problema, mas destaca a queda de participação do produto brasileiro no mercado local.

Em 1996, quando as estatísticas da entidade sobre o tema começaram a ser feitas, o coeficiente de penetra­cão das importações era de 15,1%. Foi a 19,7%, em 2001, e depois oscilou entre 16% e 19%, chegando a 16,6%, em 2009. Nos últimos três anos, su­biu 5 pontos porcentuais.

O maior crescimento da importa­ção ocorreu na indústria de transfor­mação, com destaque para itens de informática, eletrônicos e ópticos (+6,4 pontos porcentuais), máqui­nas e materiais elétricos (+4,8 pon­tos), farmoquímicos e farmacêuti­cos (+4,6 pontos) e máquinas e equi­pamentos (+4,6 pontos). A importa­ção é maior em itens que exigem mais tecnologia e mais capital. Mas aparticipação dos importados também aumentou muito em vestuário, veículos automotores e têxteis.

O Brasil tem capacidade para pro­duzir esses itens, mas não pode con­correr com estrangeiros que pagam menos tributos, têm menor custo fi­nanceiro e política cambial mais cla­ra, sem tantas idas e vindas - e, por­tanto, mais incertezas e custos. "O Brasil tem uma ineficiência sistêmi­ca que precisa ser combatida, como tributação dos investimentos, carga tributária elevada e complexa, cus­tos trabalhistas altos e educação básica ruim", enfatizou um gerente da CNI, Renato da Fonseca.

A indústria brasileira ainda conse­gue competir no exterior, tanto que a parcela da produção exportada pas­sou de 19,4%, em 2011, para 20,6%, em 2012. Mas o crescimento foi me­nor que o das importações.

A parcela exportada aumentou mais em indústrias como fumo, têx­teis e outros equipamentos de transporte (como motos). Ainda não há dados de 2013, mas é provável que eles revelem uma participação ainda maior dos importados.

A melhor política contra esses de­sequilíbrios não é proteger a indús­tria nacional, mas ampliar a abertura do mercado. A corrente de comércio brasileira (soma de importações e ex­portações) poderia dobrar em rela­ção aos 21,5% do PIB calculada para após chegar a 25%, em 2008.