Título: Secretário quer deter casamento gay e aborto de anencéfalos
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2013, Nacional, p. A4

Feliciano tem projetos para reverter decisões do Supremo e diz que papel de deputado é "extensão" da atividade como pastor

Em seus dois primeiros anos de mandato, o pastor Marco Feliciano (PSC-SP) apresentou projetos que tentam suspender a união civil de pessoas do mesmo sexo e a legalidade do aborto de anencéfalos - autorizados pelo Supremo Tribunal Federal.

Feliciano tentou barrar a aplicação das decisões da Corte sob a alegação de que o tema só poderia ser tratado pelo Congresso.

No texto em que questiona a união civil de homossexuais, o deputado afirma que a autorização dada pelo STF foi um "golpe". Ele evita usar a expressão "casais" - usa a expressão "duplas homossexuais".

"Amenos que se reformasse a Constituição, os militantes homossexualistas jamais poderiam pretender o reconhecimento da união estável entre dois homossexuais. Isso é o que diz a lógica e o bom senso", escreveu.

Feliciano costuma citar versículos da Bíblia nos projetos que apresenta. Sua ação legislativa é marcada por propostas de interesse da bancada evangélica.

Em discurso em plenário, em outubro do ano passado, pediu que os deputados religiosos lutassem contra projetos e decisões que autorizassem o aborto e o casamento gay.

"Como pastor evangélico, encaro o mandato político como extensão do meu ministério, cuja responsabilidade maior é dignificar o nome de Jesus Cristo", disse. "A lei de Deus é só uma e vale para todos. Deus ama a todos, mas abomina o pecado."

O deputado é autor de um projeto que obriga a Casa da Moeda a inscrever a expressão "Deus seja louvado" nas cédulas de real e de outro que cria o Programa Nacional Papai do Céu na Escola. "Precisamos resgatar o ensino religioso em nosso País de maneira sábia, simples, coerente e contínua. Queremos ver os filhos desta Nação olhando para a imensidão do cosmos e dizendo: Há um papai do céu que cuida de nós!", escreveu.

Feliciano também propõe a internação de "estupradores contumazes", com possibilidade de castração química.