Título: Corpo de Chávez será embalsamado e velório é estendido por mais 7 dias
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Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2013, Internacional, p. A10

O presidente da Venezuela Hugo Chávez será embalsamado e seu funeral será ampliado em ao menos sete dias. Pelo segundo dia seguido, Caracas foi tomada por uma multidão de pessoas de vermelho, enlutadas, que velaram o líder bolivariano, que não resistiu a uma luta de quase dois anos contra o câncer e morreu na terça-feira. Líderes mundiais de mais de 8o países- entre eles a presidente Dilma Rousseff - devem participar amanhã do adeus a Chávez, que, ao contrário do que estava previsto inicialmente, não será marcado por seu sepultamento. Após o embalsamamento, o corpo do presidente venezuelano será exibido no Museu Histórico da Revolução, no distrito de 23 de Enero, bairro popular do oeste de Caracas fortemente chavista.

Do lado de fora da Academia Militar de Caracas, simpatizantes do presidente fizeram filas quilométricas ao longo do dia e exigiram uma oportunidade de prestar a última homenagem a Chávez. O presidente interino do país, Nicolás Maduro, anunciou que o corpo de Chávez será preservado “para que fique exposto eternamente e o povo possa vê-lo no Museu da Revolução”.

Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Relações Exteriores Antonio Patriota estão em Caracas. A presidente e seu antecessor lamentaram o fato de o presidente venezuelano ter rejeitado a oferta de tratar seu câncer - que mesmo depois de sua morte não foi especificado - no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, referência na América Latina. Chávez preferiu fazer o tratamento em Cuba por “questões de segurança de Estado”.

Na avaliação de Dilma, de Lula e de petistas influentes, Chávez tomou uma decisão ideológica e política num momento delicado. Embora não tenham informações completas sobre o quadro clínico de Chávez no momento da decisão de continuar o tratamento em Cuba, em 2011, e sem descartar a possibilidade de uma metástase, os petistas discordaram da decisão do venezuelano de recorrer ao sistema de saúde de Cuba.

Entre os principais líderes latino-americanos presentes na cerimônia, estão os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, do Uruguai, José Mujica, da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa, do Peru, Ollanta Humala e de Cuba, Raúl Castro. Outros aliados de Chávez, como o iraniano Mahmoud Ahmadinejad e o bielo-russo Alexandr Lukachenko também marcam presença. Ahmadinejad provocou polêmica no Irã ao, numa homenagem a Chávez, compará-lo a Jesus Cristo e dizer que ele retomará à Terra no Juízo Final.