Título: BCE mantém juros e não dá sinais de cortes no curto prazo
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/03/2013, Economia, p. B12

Presidente do banco prevê que economia da zona do euro vai começar a se recuperar "na segunda parte do ano" Frankfurt

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, mandou um sinal claro durante entrevista ontem - depois de o banco manter a taxa básica de juros inalterada em 0,75%-, que a instituição não está com nenhuma pressa em cortar os juros. Draghi reiterou também que a posição da política monetária do BCE continuará acomodatícia "enquanto for necessário".

"Permaneceremos em modo de alocação total de liquidez enquanto for necessário", afirmou, acrescentando que "nós discutimos a possibilidade de fazê-lo (o corte). O consenso que prevaleceu foi que os juros devem ficar inalterados".

Draghi disse também que prevê que a economia da zona do euro comece a se recuperar "na segunda parte deste ano" após o à experiência de Ghiang Mai (fundo comum de China, Japão, Coreia e outros países asiáticos) e dos próprios europeus, que agora têm o próprio fundo de reservas. Se algum dos países do Brics tiver uma crise no balanço de pagamentos e precisar de recursos para as suas reservas, poderá recorrer ao fundo.

A reunião de cúpula do Brics está marcada para os dias 26 e 27, na África do Sul. BCE cortar as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB). O banco agora espera que a economia registre contração de -0,9% a -0,1% neste ano e expansão de entre zero e 2% em 2014.

Apesar de ter revisado levemente para baixo suas expectativas para o crescimento econômico, Draghi disse que as expectativas para a inflação continuam "firmemente ancoradas". O BCE espera que a inflação anual na zona do euro fique entre 1,2% e 2% em 2013 e entre 0,6% e 2,0% em 2014- projeções praticamente inalteradas em relação a leituras anteriores.

Euro. Sobre o câmbio, Draghi não mencionou explicitamente o fortalecimento do euro como um fator limitador do crescimento, o que forneceu menos razão para que os operadores vendessem a moeda, que atingiu uma máxima no mês em relação ao dólar durante a coletiva.

Socorro. Draghi indicou que o programa de compras de bônus : do BCE, conhecido como Transações Monetárias Completas (OMT, na sigla em inglês), não será uma tábua de salvação para países europeus em dificuldades, fazendo referência especificamente a Portugal e Irlanda.

O programa poderá ser usado para facilitar a saída dos dois países de seus programas de resgate. "OOMT nunca foi pensado, ou criado para dar suporte ao acesso de países aos mercados", afirmou Draghi, explicando que os países que quiserem ser elegiveis para o programa deverão estar no mercado de dívida por conta própria.

Sobre a Itália, Draghi procurou acalmar os investidores sobre o impasse político no país após as eleições, realizadas há duas semanas. Segundo ele, a crise política na Itália está tendo um efeito limitado na zona do euro por causa da volta da confiança dos investidores. "Os políticos e a imprensa estão mais impressionados com a situação do . país do que os mercados." O presidente do BCE ressaltou que o í "ajuste fiscal pelo qual a Itália está passando vai continuar", apesar do impasse político. / Agências Internacionais.