Título: Cabral usa horário político na TV para defender royalties
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Fonte: O Estado de São Paulo, 11/03/2013, Economia, p. B3

Governador do Rio de Janeiro diz que vai lutar ‘até o fim’ na defesa dos recursos do Estado; vice e prefeito também falaram no programa

Depois de suspender os pagamentos a fornecedores e autorizar uma ação no Supremo Tribunal Federal que pede a derrubada de toda a lei dos royalties do petróleo, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), usou o horário gratuito do PMDB na TV para anunciar que irá “até o fim” na defesa dos recursos do Estado. Em inserção de trinta segundos exibida na noite de sábado, o governador disse que “o que é do Rio tem que continuar do Rio”.

Com a derrubada, pelo Con-gressoNacional, doveto da presidente Dilma Rousseff ao trecho da lei que tratava da distribuição dos royalties, o Estado e municípios fluminenses perderão R$75 bilhões até 2020.

“É justamente no momento em que o Rio se fortalece que querem tirar do nosso Estado um direito que é de todos nós: os royalties do petróleo. Eu quero dizer a você que vamos lutar até ofim”, disse Cabral no espaço do PMDB nacional, cedido ao partido no Rio. O prefeito Eduardo Paes e o vice-governador Luiz Fernando Pezão, pré-candidato à sucessão de Cabral, também defenderam os royalties do Rio em inserções do PMDB.

“Já fui prefeito, hoje sou vice-governador. Sei como os recursos dos royalties são importantes para o nosso povo. Vamos lutar pelo que é nosso. O que é do Rio tem que ser respeitado”, disse Pezão na TV.

• Em campanha

LUIZ FERNANDO PEZÃO

VICE-GOVERNADOR DO RIO DE JANEIRO

“Vamos lutar pelo que é nosso. O que é do Rio tem que ser respeitado”

A derrubada do veto da presidente Dilmaacontece emummo-mento de extrematensão entre o PMDB e o PT do Rio por causa da sucessão de Cabral. O PMDB fluminense exige que o senador pe-tista Lindbergh Farias desista da pré-candidatura ao governo e apoie Pezão. Se isso não acontecer, os peemedebistas do Rio ameaçamretirar o apoio àreelei-ção da presidente Dilma Rous-seff. Cabral e o prefeito Eduardo Paes (PMDB) se queixaram de Lindbergh ao ex-presidente Lula. Os peemedebistas contam com Lula para convencer o senador a desistir mais uma vez da disputa, como fez em 2010.

Com o futuro dos recursos dos royalties incerto, até que o STF julgue as ações de inconsti-tucionalidade dos governos do Rio, do Espírito Santo e de São Paulo, o quadro eleitoral no Rio segue em clima de confronto entre PT e PMDB. Apesar da excelente relação de Cabral com Dil-maeLula, aliados dogovernador reclamam que o governo federal não agiu no Congresso para evitar a queda do veto da presidente. Lembram que, desde 2009, quando foi discutido o marco re-gulatório do petróleo, o então presidente Lula prometia a Cabral que o Rio não teria perdas, mas deixou que mudanças nare-gra da partilha avançassem.

Já no governo Dilma, a queixa é contra o estilo beligerante de Cabral, que, em vez de negociar, teria confiado na força de atos públicos e da campanha em defesa do Rio que promoveu no último ano. No Congresso, Rio, Espí- rito Santo e São Paulo ficaram isolados contra 23 Estados e o Distrito Federal. A bancada do Rio age unida contra a mudança nas regras, mas a sintonia na defesa dos recursos dos royalties para o Estado não diminui as divergências políticas.

O PMDB do Rio diz estar con-fiantenaintervençãode Lulapa-ra que Lindbergh desista da candidatura, mas a diferença agora é que o senador, ao contrário de 2010, tem apoio doPT nacional e da bancada de deputados federais. Lindbergh diz que não vai desistir desta vez e tem como al- ternativa, caso seja obrigado a abrir mão da pré-candidatura, trocar oPT pelo PSB dogoverna-dor de Pernambuco e possível candidato a presidente Eduardo Campos.

Cabral, por sua vez, na hipótese de Lula e o PT nacional continuarem a estimular a pré-candi-datura de Lindbergh Farias, cogita deixar o governo em abril do ano que vem e concorrer a uma vaga no Senado, na chapa de Pe-zão. O vice-governador assumiria o cargo e ganharia visibilidade, enquantoCabral se dedicaria à campanha.