Título: Sindicalista diz que há conflito de interesse em conselho da Petrobras
Autor: Valle, Sabrina
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/03/2013, Economia, p. B6

Representante dos empregados no órgão, José Maria Rangel quer votar em temas como salário e previdência.

Indicado ao conselho de administração da Petrobrás na vaga reservada aos empregados, o sindicalista José Maria Rangel diz que há hoje conflitos de interesse nas votações no órgão. Com base nessa argumentação e no princípio da igualdade de direitos, Rangel lutará por mais poder de voz aos funcionários.

Rangel, ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), quer poder votar em assuntos como salário e previdência, hoje vedados por lei a representantes de funcionários no conselho, sob o argumento de conflito de interesse.

O técnico de manutenção de plataformas espera obter apoio de parlamentares e de conselheiros de outras estatais para mudar a legislação. Ele foi eleito no domingo passado com 8.561 votos de funcionários para ocupar uma das dez cadeiras do conselho de administração da estatal. Sua indicação ainda precisa ser referendada em assembleia de acionistas, mas a confirmação é dada como certa.

Ele ajudará a determinar os rumos da maior estatal do País ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, da presidente da Petrobrás, Graça Foster, e de outros sete conselheiros direta ou indiretamente respaldados pelo governo.

Plataforma. Em alguns pontos de sua plataforma, Rangel se alinha a acionistas minoritários, como quando defende aumento de produção de petróleo, e aponta conflitos de interesse nas votações. Em outros, se aproxima ao governo, como na defesa de que a Petrobrás exerça o papel de indutora da economia.

Ele quer investimentos, por exemplo, nas bilionárias refinarias do Nordeste que a presidente Graça Foster suspendeu para avaliação por estarem caras demais. "Não podemos retroceder agora. Tem de ter refinaria, no Nordeste para desenvolver a região do País."

Em entrevista ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Rangel também reclamou da falta de manutenção das plataformas, que levou a uma queda de produção de até 130 mil barris por dia. "É um problema grave, tem influência direta no resultado da companhia, e 110 resultado na participação que os funcionários vão receber." Porém o indicado ao conselho ressaltou que o prejuízo maior é sobre o aumento de fatalidades em acidentes de trabalho. No ano passado, foram 16 mortes, a maioria de funcionários terceirizados, categoria que ele espera, ver reduzida.

Os conflitos de interesse em votações no conselho devem dominar a próxima reunião de acionistas, diante da insatisfação crescente de acionistas minoritários. Rangel lembra que indicados pelo governo votam no conselho, por exemplo, sobre a remuneração de acionistas. "O governo é o acionista majoritário", que vai ser beneficiado ou não com essa decisão. Nem por isso os indicados pelo governo deixam de participar."

Ele também diz que o conselheiro Jorge Gerdau, da siderúrgica de mesmo nome, participa das votações sobre construção de plataforma e navio, sem que seja questionado conflito de interesse. "Ele é do ramo do aço. Não tem essa questão de conflito de interesse, cada um toma conta do seu papel sabendo da importância da função que está desempenhando".