Título: Cabral suspende todos os pagamentos
Autor: Pita, Antonio ; Grellet, Fábio
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/03/2013, Economia, p. B8

A Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) suspendeu o pagamento de salários a professores substitutos e visitantes. O motivo alegado pela reitoria foi o bloqueio do recursos repassados pelo governo estadual à instituição. O governador Sergio Cabral determinou a suspensão de todos os pagamentos do Estado - exceto os salários dos servidores - depois que o Congresso Nacional derrubou o veto da presidente Dilma Rousseff à lei que redistribui os royalties do petróleo, na semana passada.

Segundo a Associação dos Docentes da Uerj (Asduerj), de 4 mil a 5 mil pessoas foram atingidas. Além dos professores não concursados, ficaram sem pagamento alunos e professores bolsistas. Os salários dos professores concursados não foram afetados. "Os empenhos estão bloqueados. Como reitor, estou agindo no sentido de minimizar danos (...)" explicou, em nota, o reitor Ricardo Vieiralves.

Apenas com os professores substitutos, o gasto retido foi de aproximadamente R$ 1,5 milhão, calculou Guilherme Mota, presidente da Asduerj. Os professores farão uma reunião na próxima quarta-feira para decidir o que fazer.

O vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), repetiu ontem que a nova distribuição dos royalties vai quebrar os Estados do Rio e do Espírito Santo, além de levar à insolvência pelo menos 20 municípios fluminenses. "Vão quebrar, por baixo, 20 municípios, porque são cidades que vivem com 60%, 70% desses repasses", afirmou, em evento no município de Duque de Caxias.

"Como uma bomba". As empresas prestadoras de serviços decidiram que continuarão cumprindo os contratos "até o limite de cada empresa" e não descartam entrar na Justiça. Entre os serviços que podem ser comprometidos estão o fornecimento de merendas escolares, refeições em presídios, limpeza hospitalar, vigilância e conservação de patrimônio e prédios públicos.

De acordo com o diretor executivo da Associação das Empresas Prestadoras de Serviços (Aeps-RJ), José de Alencar Magalhães, o anúncio do governador na última quinta-feira, dia 7, "caiu como uma bomba" entre os empresários. "Da mesma forma que defendemos que os contratos atuais dos royalties não sejam quebrados, não podemos dar o mau exemplo quebrando os contratos com as empresas do Rio", afirmou Magalhães, após reunião com diretores de 25 empresas prestadoras de serviço no Estado. "Não somos empresas filantrópicas." Segundo os fornecedores, já há empresas em situação-limite e a prestação de serviços pode ser interrompida já neste mês, principalmente nos setores de construção e conservação predial.

O empresário Marcelo Adib, também presidente da Aeps-RJ, estimou em mais de R$ 1 milhão as perdas com a suspensão dos pagamentos. Sua empresa tem contratos com as secretarias estaduais de Educação e Trabalho e também com a Fundação para a Infância e Adolescência. O empresário calcula ainda uma dívida de R$ 1,5 milhão por pagamentos atrasados de outubro, novembro e dezembro por serviços à Secretaria de Saúde. O governo negocia o pagamento dos atrasados em até cinco vezes.

Os funcionários da área de limpeza já planejam uma paralisação nesta semana por causa da ameaça de suspensão do pagamento. Uma reunião entre os empresários e o sindicato de funcionários será realizada hoje, para buscar um acordo.