Título: Investir menos amplia risco de alta da inflação
Autor: Rehder, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/03/2013, Economia, p. B1

A queda na intenção de investimento da indústria reforça o risco de crescimento econômico com pressões inflacionárias. Por um lado, a demanda doméstica perde um componente importante (o investimento), comprometendo o crescimento de curto prazo, pois passa a depender essencialmente do consumo para se expandir. Por outro, o menor investimento significa abrir mão de um crescimento futuro, diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor do departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

"Tivemos um ano muito ruim em 2012 e todas as previsões para 2013 são de que teríamos um crescimento forte no PIB (Produto Interno Bruto), que viria pelo lado do investimento", diz o especialista. "Agora, com a queda no investimento demonstrada pela pesquisa, esse crescimento vai vir do consumo, o que nos coloca numa situação delicada. Aumentar o consumo sem aumentar a oferta é inflacionário."

Para ele, somente pela via do crescimento é que será possível sair do círculo vicioso que o Brasil se encontra, em que a redução dos juros é sempre limitada por ameaças de alta da inflação. O diretor da Fiesp cita que, apesar da queda na taxa básica (Selic), o juro real para capital de giro no ; Brasil ainda é dos maiores do mundo. "É de longe a mais elevada entre os 15 principais parceiros comerciais que concorrem com o Brasil no mercado interno", afirma. A taxa de juros de capital de giro ao tomador de empréstimos é de 19% ao ano no Brasil, enquanto a média dos 15 principais parceiros é de 2,4%.

Estabilidade. Pelas contas da Fiesp, a formação bruta de capital fixo (investimento) da economia brasileira deve crescer 2,5% em 2013. Como a expansão esperada do PIB brasileiro é de 3,1%, segundo o relatório Focus, do Banco Central, a entidade acredita que a taxa de investimento da economia deve permanecer estável, por volta de 18%.

A indústria de transformação contribui com apenas 16% do investimento realizado pela economia brasileira. Segundo Roriz Coelho, a queda do investimento fixo da indústria de transformação indicada na pesquisa da Fiesp deverá ser compensada pelo aumento dos investimentos nos setores de petróleo e gás, infraestrutura, construção, agricultura e serviços. / M.R.