Título: Petista ignora Gerdau: Todos podem criticar
Autor: Rosa, Vera ; Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2013, Nacional, p. A4

A presidente Dilma Rousseff pre­feriu não polemizar abertamente com o empresário Jorge Gerdau, presidente da Câmara de Gestão do Governo, e disse on­tem que todos têm direito de cri­ticar a atual gestão. Gerdau afir­mou que o governo deveria traba­lhar com "meia dúzia de ministé­rios", mas "fica dividindo o bolo não por conceitos administrati­vos, mas por conceitos políti­cos". O empresário classificou de "burrice" e "irresponsabilida­de" a montagem de uma ampla estrutura para atender a parti­dos. As declarações foram dadas ao jornal Folha de S.Paulo.

"Todas as pessoas têm direito de criticar este governo", disse a presidente, sem responder dire­tamente a Gerdau. Nesta sema­na, o Congresso aprovou a cria­ção do 39° ministério de Dilma Rousseff, a pasta de Micro e Pe­quena Empresa, a ser entregue ao vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos (PSD).

Sem abordar diretamente as críticas do empresário - que ela própria levou ao governo para modernizar a gestão -, Dilma preferiu fazer comparações en­tre os tempos da ditadura e a de­mocracia.

Barulho das ruas. "Outro dia eu estava lá no MAR (Museu de Arte do Rio e Janeiro), numa ceri­mônia, e tinham três reivindicacões ocorrendo. Era um barulho bastante elevado no MAR. Eles tomaram aquele museu maravi­lhoso", comentou a presidente.

Dilma passou então a contar que, do alto do prédio do museu, viu o pátio da Polícia Federal, on­de ficou presa durante a ditadu­ra militar. "A vida é engraçada. Eu olhei para o prédio e não vi nada. Mas, lá de cima, eu olhei para baixo e pensei: eu conheço esse pátio. O pátio era o pátio da Polícia Federal, onde eu estive presa", contou. "Eu pensei as­sim: esse Brasil é ótimo. Eu, pre­sidente, estive presa ali ao lado. Agora, eu, presidente, conseguia conviver perfeitamente com o barulho das manifestações e achar que era absolutamente na­tural, o que mostra que, ao longo da minha vida pessoal, o que é difícil, ao longo da vida de uma pessoa, eu assisti à ditadura e a maior democracia na América la­tina nascer nessa terra."