Título: Dilma aumenta peso político do PMDB e amarra PDT ao projeto de reeleição
Autor: Rosa, Vera ; Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2013, Nacional, p. A4

Em busca de apoio para a campanha da reeleição, a presiden­te Dilma Rousseff fortaleceu o PMDB no governo e cedeu ao grupo do PDT que havia saído da Esplanada no rastro da "fa­xina" admmistrativa, em 2011. Na reforma ministerial inicia­da ontem, Dilma sedimentou a aliança com o PMDB, impediu a debandada do PDT, que flerta com a possível candida­tura ao Planalto do governa­dor de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), mas deixou o PR irritado.

A pedido do vice-presidente Michel Temer, Dilma transferiu Wellington Moreira Franco (PMDB) da Secretaria de Assun­tos Estratégicos (SAE) para a Se­cretaria de Aviação Civil (SAC), uma pasta poderosa em tempos de concessão de aeroportos e obras para a Copa de 2014. Além disso, para facilitar a montagem do palanque petista em Minas, o deputado Antônio Andrade, pre­sidente do PMDB mineiro, assu­me a Agricultura no lugar de Mendes Ribeiro, que voltará pa­ra a Câmara. As trocas foram an­tecipadas pelo Estado.

Pressionada pela cúpula do PDT, Dilma também nomeou o secretário-geral do partido, Ma­noel Dias, para o Ministério do Trabalho, no lugar de Brizola Ne­to. Dias é ligado ao presidente do PDT, Carlos Lupi, que antece­deu Brizola Neto no cargo e foi demitido em meio a denúncias de corrupção. Lupi foi o sétimo ministro que caiu no primeiro ano de governo Dilma, em 2011, na esteira da "faxina" promovi­da por ela.

Neto do ex-governador Leo­nel Brizola, o ex-ministro do Tra­balho ficou apenas dez meses no cargo. " Abriga interna fratricida pode levar o PDT ao esfacela­mento", disse Brizola Neto, que é desafeto de Lupi. As posses dos novos ministros serão hoje. Dil­ma embarca amanhã para Roma, onde participará da missa de inauguração do pontificado do papa Francisco, na terça-feira, e só dará continuidade à reforma ministerial quando retornar.

A cúpula do PR quer substituir o ministro dos Transportes, Pau­lo Sérgio Passos, mas sente-se preterida por Dilma. "Defendo a aliança do PR com o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvi­mento), candidato do PT ao go­verno de Minas. Mas, para usar­mos a estrutura do PR em benefício de Pimentel e do palanque da presidente, precisamos de um ministro político", avisou o depu­tado Luciano Castro (PR-RR).

A entrada de Antônio Andrade na Agricultura também foi arti­culada para a construção da can­didatura de Pimentel.

Na conversa de uma hora e meia com Temer e com os presi­dentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), antes do anúncio dos ministros, Dilma disse que a parceria com o PMDB é fundamental.

Embora o PMDB continue co­mandando cinco pastas (Minas e Energia, Previdência, Agricul­tura, Turismo e Aviação Civil), seu peso político aumentou. So­mente a Aviação Civil - antes ocupada por Wagner Bittencourt, um técnico sem filiação partidária - tem orçamento de R$ 2,7 bilhões para 2013. A pasta controla, ainda, a Infraero, com gastos previstos de R$ 1,8 bilhão, sendo R$ 300 milhões para apor­tes de capital nos aeroportos de Viracopos, Guarulhos e Brasília.

O plano inicial de Dilma era abrigar Mendes Ribeiro - que es­tá em tratamento contra um cân­cer - na Secretaria de Assuntos Estratégicos, mas ele não acei­tou a troca. Voltará para a Câma­ra, desalojando Eliseu Padilha (RS), que é suplente. O mais co­tado para a SAE é Marcelo Néri, presidente do Ipea. Por enquan­to, a pasta será tocada por Roger Leal, secretário executivo. A SAE foi oferecida ao PSD do ex- prefeito Gilberto Kassab junto com a recém-criada pasta da Mi­cro e Pequena Empresa, o 39º mi­nistério da Esplanada. Kassab re­cusou. / COLABORARAM JOÃO DOMINGOS E RAFAEL MORAES MOURA