Título: Campos vende imagem de gestor a empresários
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2013, Nacional, p. A6

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, passou os dois últimos dias reunido com empresários das regiões Sul e Su­deste para apresentar o modelo de gestão de seu Estado, em um esforço para dar uma dimensão nacional a sua imagem e fortale­cer sua potencial candidatura co­mo adversário da presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014.

Campos evita falar abertamen­te sobre a campanha do ano que vem e diz ter avisado a Dilma, em um encontro há cerca de 15 dias, que qualquer decisão sobre uma eventual disputa contra sua ree­leição só será tomada em 2014.

"Ela sabe que não é hora de o PSB decidir. O PSB vai decidir no seu tempo. Ela deixou muito cla­ro que o interesse dela é seguir ten­do uma relação de respeito com o PSB durante todo o ano de 2013 e deixar 2014 para 2014", afirmou.

Enquanto isso, o pernambuca­no viaja pelo Brasil com uma agen­da de pré-candidato. Participou de um jantar na quinta-feira e de um almoço ontem, em São Pau­lo, com representantes do Insti­tuto para Desenvolvimento do Varejo - composto por empre­sas como Carrefour, Pão de Açú­car, Americanas, C&A, Riachuelo, Magazine Luiza e Walmart.

No almoço de ontem, em um hotel na região dos Jardins, o go­vernador pernambucano desta­cou a evolução dos índices eco­nômicos de seu Estado. Relatou que 0 PIB local cresceu em mé­dia 4,6% ao ano sob seu coman­do e apresentou como trunfo um modelo eficiente de incenti­vos à indústria e ao comércio.

Segundo os empresários que participaram do encontro, Cam­pos não falou em candidatura. Curiosos, no entanto, os convida­dos perguntaram se suas ideias poderiam ser aplicadas em todo o Brasil. O pernambucano teria respondido que um "grande porcentual" poderia, sim.

O presidente do PSB falou abertamente sobre temas nacio­nais ao afirmar que o Brasil precisa desenvolver políticas de comércio exterior mais claras, e que deve escolher setores indus­triais que mereçam tratamento prioritário - a exemplo de uma política estratégica de incentivo criada por ele em Pernambuco.

Futuro. Campos disse, segundo varejistas, que o Brasil ainda está "em processo de construção". Ci­tou três períodos, resumidos em "décadas": a construção da de­mocracia a partir de Ulysses Guimarães (PMDB), a reforma econômica conduzida por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o de­senvolvimento social no gover­no Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em entrevista após o evento, Campos afirmou que é preciso pensar a economia do Brasil pa­ra o próximo ano e para "o futuro da década". Ressaltou, no entan­to, que críticas ao resultado do crescimento modesto do PIB na­cional durante o governo Dilma não devem ser interpretadas co­mo um movimento eleitoral.

"O Brasil não merece repetir em 2013 o que foi o ano de 2012. Para isso, é importante tomar uma série de medidas, inclusive discutir de maneira tranquila so­bre os problemas", afirmou. "Não se pode, a cada vez que se levante um problema, que se des­caracterize como uma tentativa de se fazer debate eleitoral."

Queridlnho. Alguns empresá­rios deixaram o almoço entusias­mados com o discurso de Cam­pos. "Ouvimos falar muito dele no Sul e no Sudeste, mas não en­tendíamos tanta badalação. Per­cebemos agora que ele fala a língua da gestão empresarial, junto com um discurso político", resu­me um varejista, sob anonimato.

Os empresários também afir­maram que causaram boa im­pressão indicadores apresenta­dos por Campos nas áreas de edu­cação e saúde. O governador de Pernambuco teria dito que os hospitais de seu Estado não têm "nenhum" paciente aguardando atendimento nos corredores.

Nos dois encontros com empre­sários, Campos também citou in­vestimentos em segurança e pro­gramas sociais. Destacou ainda a necessidade de uma reforma do pacto federativo e de tomar a ges­tão pública mais eficiente. / b.b.