Título: Emprego na indústria fica estagnado em janeiro
Autor: Cucolo, Eduardo ; Leopoldo, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2013, Economia, p. B10

O emprego industrial ficou estagnado na passagem de dezembro para janeiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve recuo de 0,3% no número de horas pagas aos trabalhadores no período, o que mostra que o mercado de trabalho na indústria ainda não reagiu ao crescimento da produção neste início de ano.

Analistas acreditam que, agora que a atividade industrial começa a se recuperar, há espaço para produzir mais sem a necessidade de contratar mão de obra.

"Agora que a produção começa a subir, acho que o emprego vaificar estagnado mesmo, oscilando a taxas bem baixas. O emprego só vai começar a ficarmais aquecido quando o nível de produção, que está muito baixo, tiver atingido patamares mais altos", avaliou Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Na passagem de dezembro para janeiro, a produção da indús-triabrasileira avançou 2,5%. O resultado foi um salto de 3,2% na produtividade do segmento de transformação no período, segundo cálculos da Tendências Consultoria Integrada.

Reação. A tendência é de recuperação, mas com avanço gradual ao longo de 2013, já que a produção também deve crescer de forma mais moderada nos próximos meses do que em janeiro. "O crescimento da produtividade foi muito forte porque as horas trabalhadas caíram um pouco e a produção aumentou muito", comentou o economista Rafael Bacciotti, analista da Tendências. "A tendência está relacionada à expectativa de crescimento da produção industrial, então isso deve ajudar de alguma forma a produtividade", afirmou.

Ainda em janeiro, a folha de pagamento da indústria caiu 5,0%, após já ter recuado 2,0% em dezembro.

"A queda nafolha de pagamento tem de ser relativizada, porque tinha subido muito em novembro (7,9%), como pagamento de participação nos lucros e antecipação do 13º salário. Aba-se de comparação estava mais alta", explicou Fernando Abritta, economista da Coordenação de Indústria do IBGE.

O pesquisador do IBGE chama a atenção para o ganho real acumulado nafolha de pagamento industrial nos últimos 12 meses, de 4,1%. Segundo ele, o resultado aponta que, embora os reajustes salariais estejam menores do que no passado, os sindicatos mantêm o poder de barganha e ainda conseguem repor as perdas com a inflação.