Título: PIB cresceu 1,29% em janeiro, diz BC
Autor: Cucolo, Eduardo ; Leopoldo, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/03/2013, Economia, p. B10

Índice de Atividade Econômica do BC tem maior crescimento para o primeiro mês do ano desde 2004 e confirma reação da atividade econômica

A economia brasileira registrou em janeiro a maior taxa de crescimento para o primeiro mês do ano desde 2004. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) teve alta de 1,29% no início do ano. O número confirma o ritmo mais forte da atividade naquele mês, como mostravam os números da indústria e do comércio varejista.

O dado também reforçou as apostas do mercado financeiro de que o ritmo de expansão no primeiro trimestre de 2013 ficará acima do verificado no fim do ano passado. Nos 12 meses encerrados emjaneiro de 2013, o crescimento do IBC-Br foi de 0,84%.

O IBC-Br serve como parâmetro para avaliar o ritmo da economia brasileira ao longo dos meses. O indicador também sinaliza a tendência para o Produto Interno Bruto (PIB),que é divulgado a cada trêsmesespelo Instituto Brasileiro de Geografiae Estatística (IBGE).

O BC também revisou ontem, parabaixo, a maior parte dos dados de 2012. Com isso, o crescimento do ano passado medido pelo IBC-Br foi de 0,65%, abaixo do 1,64% divulgado pela instituição anteriormente. O número doIBGE, que utiliza outra metodologia, mostrou crescimento de 0,9% para o PIB no período.

Recuperação. O resultado de janeiro veio acima do esperado pelo mercado, que projetava alta de até 1,2%, segundo estimativas apuradas pelo serviço AE-Projeções. Para a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara, que previa alta de 0,7%, o nível de atividade no Brasil está em pleno processo de recuperação gradual.

Para Thaís, o dado de fevereiro deve ficar perto da estabilidade ou até registrar leve recuo ante janeiro, o que ocorreria por causa de fatores como o desempenho da produção industrial, que foi mais modesto no segundo mês deste ano. "Mas há sinais de que o movimento do PIB no primeiro trimestre deve apresentar um desempenho um pouco mais forte do que o apurado no quarto trimestre de 2012, ante os três meses anteriores."

Na avaliação da especialista, o ritmo de atividade no começo do ano é coerente com uma alta do PIB de 2,5% em 2013, que é sua estimativa. Ela avalia ainda que as pressões inflacionárias continuarão nos próximos meses e o Banco Central precisará elevar os juros a partir de abril.

Volatilidade. A economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro, espera queda do IBC-Br de 0,8% em fevereiro. De acordo com Alessandra, a recuperação da atividade terá alguma volatilidade no primeiro semestre do ano, fruto da evolução paulatina dos investimentos e daprodução. Estimativa preliminar para o PIB sugere que o crescimento fique ao redor de 0,9% no primeiro trimestre, superior ao 0,6% do quarto trimestre de 2012, em relação ao trimestre anterior.

"A economia deve apresentar uma movimento dealta um pouco mais substancial no segundo semestre", disse Alessandra, que espera alta de 3% no ano para o PIB. Para ela, a inflação neste ano deve ficar um pouco menor do que em 2012, e o BC não deverá elevar os juros em 2013.

O diretor de pesquisas para a América Latina da Goldman Sachs, Alberto Ramos, diz que o IBC-Br indica que o crescimento no Brasil está apresentando um bom nível de recuperação.

Ele prevê alta do PIB de 1% no primeiro trimestre e de 3,3% em 2013. "Como a recuperação da economia está ocorrendo, isso não deveria ser um fator que poderia coibir as eventuais intenções do Banco Central de elevar osjuros no curto prazo", comentou o economista, que espera alta de juros a partir de abril.