Título: Petrobras prevê recuperação em 2014
Autor: Valle, Sabrina
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/03/2013, Alimento, p. B3

Plano de negócios da companhia para o período 2013-2017 projeta mais 75 mil barris de petróleo por dia e economia de até R$ 32 bilhões.

A Petrobras apresentou ontem seu plano de negócios para o período 2013-2017 projetando melhoras nos resultados da companhia a partir do ano que vem. Até 2017, a empresa prevê produzir 750 mil barris/dia de óleo mais, engordando o caixa em cerca de US$ 75 milhões extras por dia. Também produzirá mais diesel, enxugará investimentos em refino, reduzirá à metade a necessidade de captação externa líquida e, por meio do programa de redução de custos, espera economizar até R$ 32 bilhões.

"Estamos tendo excelentes resultados do ponto de vista de potencial", disse a presidente da estatal, Graça Foster, respondendo, sem citar nomes, a críticas recebidas contra a empresa, alvo de ataque explícito de políticos do PSDB em encontro na semana passada, em Brasília. "Não se justifica a desqualificação da Petrobras . Entendo como uma tentativa sem fundamento técnico

e econômico.

Foi uma mudança de tom em relação ao choque de realismo introduzido por Graça desde que assumiu, há um ano. Mesmo sem desconsiderar 2013 como um ano difícil, com previsão de 185 paradas para manutenção em plataformas, ontem Graça disse que estão dadas as condições para o crescimento.

"A produção está dada. São 300 mil barris por dia (no pré- sal)", comentou. Com isso, deixou para trás o negativo ano de 2012 e incluiu em seu plano quinquenal o que entende por promissor ano de 2017. "Trocamos o ano de 2012 pelo ano de 2017, com mais óleo", disse Graça.

Produção. A prioridade será a produção de petróleo e gás. Serão US$ 75 bilhões apenas para construção de poços até 2017. Os US$ 236,7 bilhões em investimentos previstos vão ser concentrados em 2013 e 2014, informou a companhia.

O Credit Suisse divulgou na segunda-feira, em relatório, que os dados do novo plano apontam para uma redução na defasagem de preços da companhia em relação ao mercado internacional. Segundo o Credit, para atingir os níveis previstos de geração de caixa até 2017, a Petrobras terá de aumentar em US$ 13 o preço do barril de gasolina e de diesel vendido no Brasil.

"Nos mostra que o conselho da empresa está comprometido com uma paridade de preços domésticos e internacionais", disseram os analistas Emerson Leite, Andre Sobreira e Vinicius Canheu.

Graça manteve a meta de convergência de preços com o mercado internacional e comemorou os quatro reajustes de diesel, somando 21,9%, e dois na gasolina, somando 14,9%, conquistados nos últimos nove meses.

Em junho do ano passado, a companhia pedira um aumento de 15% em ambos para conseguir financiar seus planos. "Estou satisfeita", disse, sem querer comentar expectativa sobre aumentos futuros.

A redução do efeito da defasagem de preços teria sido muito maior caso a desvalorização do real não tivesse jogado contra, disse Graça. Apenas no ano passado, a variação cambial foi de 19%, corroendo ganhos que poderiam vir dos. reajustes.

Outro alívio veio do diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, que garantiu que não estão nos planos da empresa fazer uma nova emissão de ações. "É um compromisso da diretoria e do conselho de administração", disse.

No entanto, Barbassa também informou que ainda não há data para que a empresa retome o tratamento igualitário no pagamento de dividendos a acionistas. Em fevereiro, a empresa informou a intenção de distribuir R$ 0,47 para os detentores de ações ordinárias (com direito a voto) e R$ 0,96 para ações preferenciais, o que provocou forte queda na cotação dos papéis ordinários. / Colaborou André Magnabosco.

Plano de negócios

US$ 75 bi é o valor que a estatal pretende investir na construção de poços até 2017.

US$ 236,7 bi é o total de investimentos da companhia para o período.