Título: Pastor desafia PSC e comando da Câmara e descarta
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/03/2013, Nacional, p. A6

Após pedir nos bastidores a renúncia do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) do comando da comissão de Direitos Humanos da Casa, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), prometeu uma solução até terça-feira para a situação que definiu como "insustentável". Feliciano, por sua vez, reiterou a intenção de permanecer no cargo em entrevista à rádio Estadão. O PSC se reunirá no início da próxima semana em busca de uma saída honrosa para o conflito.

A declaração pública de Alves é mais um elemento na pressão sobre o pastor, cuja eleição provocou reação de grupos ligados aos direitos humanos por ele ter feito declarações racistas e homofóbicas em redes sociais. A insatisfação dentro da Casa cresceu ainda mais essa semana após um assessor de Feliciano divulgar um vídeo com ataques a adversários no parlamento e a rituais africanos. A comissão não conseguiu realizar sessões nas duas últimas semanas por causa de protestos.

"Do jeito que está se tornou insustentável a situação. Eu asseguro que (a situação) será resolvida até terça-feira da semana que vem. Agora passou a ser também responsabilidade do presidente da Câmara", disse Alves.

Bagunceiros. Feliciano, por sua vez, manteve a posição de resistir e afirmou que a pressão que sofre é de "vinte pessoas que estavam fazendo bagunça na comissão". Destacou a votação recebida na eleição para deputado federal e o apoio parlamentar que teve para chegar ao comando da comissão. Citou ainda o apoio de evangélicos como um dos motivos para continuar.

"Fui eleito deputado com mais de 200 mil votos em São Paulo. Fui eleito por um colegiado de líderes na Câmara e represento mais de 50 milhões de evangélicos diretamente e mais um sem número de famílias que tem a mesma visão minha", disse o pastor, que virou quase uma celebridade com a polêmica e passou a ser mais citado nas buscas do Google.

Enquanto o pastor tenta traçar planos para o comando da comissão, o PSC busca uma forma de convencê-lo a sair. Alguns parlamentares da legenda reclamam que a insistência tem provocado um desgaste a todos. O líder do partido, André Moura (SE), espera reunir todos os deputados do PSC na próxima terça-feira para que seja discutido uma saída para Feliciano. Como foi eleito, porém, o pastor não pode ser retirado do cargo e só deixará a comissão se renunciar.